Capítulo 60

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Na manhã seguinte, os pombinhos acordaram com o barulho insistente da campainha, antes mesmo das sete da manhã. Sophia e Micael vestiram seus robes e desceram as escadas afim de atender a porta ainda sonolentos.

— Quem chega na casa dos outros uma hora dessa da manhã e ainda toca a campainha como um louco? — Sophia disse irritada com aquela falta de noção e avançou pra abrir a porta, deixando Micael um pouco pra trás. Quando finalmente abriu, deu de cara com dois policiais e franziu a testa sem entender aquela visita inesperada.

— Pois, não? — Questionou ao fechar um pouco mais o robe, tinha notado um olhar malicioso de um dos policiais.

— Micael Leandro de Farias Borges mora aqui? — O coração de Sophia gelou só de imaginar o que queriam com seu amor. Ficou muda, não conseguia responder. — Mora?

— Quem é na porta? — Micael finalmente se aproximou quando viu que a noiva estava demorando demais. — Pois não? — Disse encarando os dois homens uniformizados.

— Micael Leandro? — O mesmo assentiu, ainda confuso. — Está preso. — Os dois ficaram em choque e arregalaram os olhos.

— Pode me dizer qual a acusação? — Disse ao esticar os braços pra frente, ainda sem entender nada. — Isso com certeza é alguma confusão.

— A senhora Luiza Sampaio Abrahão Borges, sua esposa, entrou em contato com a delegacia da mulher e prestou uma queixa contra você.

— Mesmo que ela tenha feito isso e eu não duvido que fez, eu não posso ser preso assim de cara, não houve flagrante, primeiro devem vir as medidas protetivas. — Sophia estava espantada com a calma que Micael lidava com aquela situação.

— Sua prisão preventiva já foi decretada pelo juiz de plantão. — O homem prendeu as algemas e Micael fez uma careta de dor ao ser beliscado por elas. — Reclama com o delegado.

— Mica... — Sophia disse preocupada ao ver seu futuro marido saindo de casa daquela forma.

— Respira fundo e se acalma. — Ele disse ao olhar pra trás. — Liga pro meu pai, ele vai saber o que fazer. — E então foi levado.

Sophia secou as lágrimas e subiu as escadas correndo em busca do celular de Micael, mas só quando estava com ele em mãos se lembrou que não fazia ideia de qual era a senha do aparelho.

— Se isso fosse um relacionamento tóxico não estaria passando por isso. Merda! — Praguejou alto e então jogou o celular de volta na cama pensando no que faria. Levou as mãos a cabeça em completo desespero.

Respirou fundo e trocou de roupa antes de ir até o quarto de Felipe e fazer o mesmo com ele. O menino estava sonolento e com certeza não esperava ser acordado tão cedo.

— Deixa eu dormir, titia. — Pediu manhoso e Sophia só o sacudiu mais.

— Meu amor, depois você dorme, precisamos ir falar com o seu avô agora. — Ele coçou os olhos e soltou um suspiro antes de aceitar aquilo sem reclamar mais, dormiria no carro.

Felipe foi preso no assento e então Sophia estava dando partida até a casa de seu sogro. Tocou a campainha tantas vezes que sabia que irritaria os moradores, assim como havia ficado irritada mais cedo.

— Sophia? — Jorge apareceu já vestido com seu terno e gravata, aparentemente estava pronto para ir ao trabalho. — Aconteceu alguma coisa? — Era nítido o desespero no olhar da nora e ficou pior quando começou a chorar. — Se acalma e entra. — Puxou os dois pra dentro e Felipe se jogou no sofá, já fechando os olhos. — Você quer um copo de água?

— Estou bem! — Secou o rosto e tentou se concentrar. — Preciso ficar bem.

— Precisa, ou então vai acabar passando mal. — Segurou sua mão. — Me conta o que aconteceu com o Micael. Pra você ter chegado aqui uma hora dessa com Felipe e tão nervosa, com certeza foi algo com ele.

— Micael foi preso, Jorge. — Contou com pesar e observou a surpresa crescer no rosto do sogro.

— Mas o quê? Desde quando o Micael quebra a lei, Sophia? — Disse absmado. — Era só o que me faltava. — Marlon apareceu ali perto dos dois, ainda sem ouvir nada sobre a gravidade do problema.

— Ele apertou o pescoço da Luiza. — Revelou e viu o sogro suspirar a medida que Marlon deu risada.

— Eu não acredito que ele fez isso. — Marlon se divertia com o assunto. — Eu devia ter gravado as mil e uma conversas que tive com ele onde dizia que jamais entraria em guerra com a Luiza por causa de nada.

— Isso não é uma piada, filho. Micael está preso. — Avisou e Marlon parou de dar risada.

— Não sei o que fazer, gente. Estou desesperada.

— Você não fará nada além de ir pra casa tentar se acalmar. Eu vou até a delegacia localizar o Micael e tirar ele de lá. Fique tranquila que eu tenho certeza que hoje mesmo ele voltará pra casa.

— Mas eu quero ver o Micael.

— Sophia, eu vou até a delegacia na condição de advogado, você não poderá visitar. Vai pra casa e aguarde lá.

Sophia assentiu e saiu da casa do sogro com Felipe que mais uma vez reclamou de ter sido acordado.

Ao invés de ir pra casa a loira tomou o rumo da casa da mãe. Estava muito nervosa e aquela com certeza não era a melhor opção, mas sua raiva falava mais alto e ela queria dizer verdades na cara de sua irmã.

Dessa vez, Felipe já estava acordado e acompanhou a tia pra dentro da casa da avó. O menino largou a mão da tia pra abraçar a mãe, mas a mesma não deu muita ideia pro filho e sim pra Sophia parada em frente a televisão atrapalhando o programa que a mulher assistia com Branca.

— Você é maluca? — Acusou. — Isso é jeito de entrar na casa dos outros? — Luiza se levantou ainda ignorando o menino que agora estava abraçado as suas pernas.

— O que veio fazer aqui, filha? — Branca disse num tom mais baixo, tentando apartar a possível briga que ia estourar entre as duas naquela casa.

— Eu vim falar com essa daí. — Disse com nojo e Luiza cruzou os braços, observando o chilique da irmã.

— Se veio me implorar pra assinar o divórcio, perdeu seu tempo. Já disse que nunca vou facilitar a vida de vocês. — Respondeu com deboche e sorriu.

— Não vim falar de divórcio, vim enfiar a mão na sua cara. — Disse alto, mostrando a palma da mão e fez a irmã sorrir ainda mais.

— O quê? Viver em pecado com o marido da sua irmã não é mais suficiente pra você? — Debochou mais um pouco, tendo certeza que Sophia não teria coragem de avançar nela.

Mas aconteceu e a sala ficou em absurdo silêncio quando Sophia fechou a mão em punho e acertou o meio do rosto da irmã. Sentiu a mão latejar no mesmo instante, mas com a raiva que estava, seria capaz de fazer muitas vezes mais.

— Você realmente ficou louca. — Luiza tinha a mão no nariz. — Eu vou esquecer que está grávida e encher você de porrada, Sophia.

— Porque você tinha que fazer isso? Só por causa que ele te pediu o divórcio? Você é muito mesquinha e egoísta, mais até do que eu sequer sonhei um dia. Eu te odeio tanto!

— Ei, o que foi que eu fiz, posso saber? — Perguntou e tirou a mão do nariz que estava vermelho. — Até o momento eu somente fui atacada.

— Não se faz de sonsa! — Gritou ainda mais.

— Isso tudo é só por causa da porcaria do divórcio? Ele é advogado chorona, daqui a pouco consegue isso comigo querendo ou não, precisa mesmo desse escândalo? 

InevitávelWhere stories live. Discover now