Capítulo 67

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— Marlon, lá fora. — Disse com grosseria e saiu, sendo seguido pelo irmão. — O que está acontecendo entre você e a Luiza? — Perguntou completamente alterado quando a porta da frente fechou atrás do irmão.

— Nada, por que estaria acontecendo alguma coisa? — Disse cínico, irritando ainda mais o irmão. — Você está procurando cabelo em ovo.

— Não venha achando que eu sou idiota. — Deu um grito, irritado.

— Mesmo se estivesse acontecendo alguma coisa, nada justificaria esse teu comportamento ridículo. — Marlon mantinha a voz num tom normal.

— Marlon, Luiza é a minha ex-mulher, irmã da Sophia... você não pode se envolver com ela. Fora que ela sempre me traiu, vai te trair também.

— É o quê? — Soltou uma risada debochada. — Dá um tempo, mané. Eu sou Marlon Borges e me garanto.

— Isso significa que você está pegando ela? — Ergueu uma sobrancelha e não teve nenhuma resposta. — Não pode, Marlon.

— Não pode, por quê? — Perdeu toda a paciência que vinha tentando ter. — Porque você ainda tem ciúmes dela e não sabe qual das irmãs quer?

— Eu sei muito bem com quem eu quero ficar. — Rangeu os dentes irritadíssimo. — É conflito de interesses você ficar com a Luiza, como pode ser meu advogado no processo de guarda do Felipe se a noite você transa com a Luiza?

— Estou até conversando com ela pra deixar isso pra lá. — Deu de ombros como se fosse um favor. — Consegui fazer que assinasse o divórcio. — Micael o olhou horrorizado.

— Isso não está certo, fora que você nem namora, se lembra? — Já tinha parado de gritar.

— Não viaja, Micael. Luiza é uma gata e se ela quiser ficar comigo, eu vou comer. — Virou as costas e deixou o irmão falando sozinho do lado de fora.

**

— Você tem algo com o Marlon? — Sophia perguntou a irmã assim que os dois saíram.

— Nada, eu nem o conheço direito. — Luiza mentiu enquanto encarava as unhas.

— Só me falta você ficar com o Marlon pra conseguir se enfiar aqui dentro de casa e infernizar a gente. — Luiza sorriu ao erguer a cabeça e encarar a irmã.

— Jamais faria isso, irmãzinha.

— É exatamente o que você faria, me surpreende o Marlon que parece ser tão inteligente cair nesse teu papinho torto. Deixa a gente em paz, Luiza. Por tudo que é mais sagrado para você. Juro, eu não aguento mais!

— Por que vocês sempre estão brigando? — Felipe tinha acordado e nenhuma das duas havia percebido. Ficou olhando as duas que não tinham nenhuma explicação para dar ao pequeno menino. — Toda vez que se encontram termina assim. — O menino se levantou e saiu de perto delas, cansado de presenciar brigas desnecessárias.

— Viu só o que você fez? — Sophia disse entredentes e Luiza apenas deu de ombros, mais uma vez provando que não ligava pro menino.

— O que eu posso fazer? Ele sempre está perto. — Luiza disse após alguns instantes de silêncio, Sophia até acreditava que ela já nem diria mais nada.

Antes que Sophia respondesse, Marlon chegou perto das duas, extremamente irritado, andando de um lado pro outro enquanto balbuciava coisas que nenhuma das duas entendia.

— Quem ele pensa que é? Quando foi que eu dei a ele o direito de achar que poderia mandar em mim? — As meninas finalmente conseguiram entender o que ele falava. — Eu sou mais velho, se alguém tem que mandar, com certeza devo ser eu.

— Calma, Marlon, não precisa ficar transtornado dessa forma. — Luiza disse e recebeu um olhar carinhoso de Marlon. Instantes depois, Micael chegou tão transtornado quanto o irmão.

— Sério, será que vocês podem se acalmar? Isso aqui está virando uma zona de guerra e até mesmo o Felipe já disse isso.

— Você por acaso sabia que ele está pegando a sua irmã? — Micael disse com tom de nojo e Sophia soltou um suspiro pesado. — Isso é um absurdo, não tem que acontecer.

— Eu consegui perceber pelo modo que se olharam, mas Micael, os dois são maiores de idade e vacinados, a vida é deles!

— Bem legal mesmo eles dois juntos. — Resmungou ainda mantendo o tom e ouviu uma risada sarcástica vinda do irmão.

— Sabe o que isso parece? Ciúmes! — Marlon estava a ponto de levar um soco no queixo, Micael já tinha as mãos fechadas em punho e estava realmente cogitando acertar o rosto do irmão se ele dissesse mais um absurdo.

— Ah, não fode, Marlon. — Sophia disse ao ver o estado em que seu amado estava. — Você agora vai se juntar com ela para infernizar a gente? Querem ficar juntos? Fiquem, mas bem longe!

— Não sei se foi avisada, mas essa aqui é a minha casa, se eu quiser trazer a Luiza pra cá, eu trarei. — Respondeu Sophia com grosseria. — Vocês dois se acham especiais demais, eu não tô nem aí pra relação de vocês, parem de se achar mais importante do que realmente são.

— Se você não calar a sua boca nesse instante, eu vou socar tanto você que não vai trabalhar pelo proximo mês. — Micael ameaçou e viu Marlon erguer uma sobrancelha o desafiando com um sorriso no rosto.

O mais novo dos irmãos Borges deu um passo na direção do mais velho e Luiza entrou no meio como se fosse impedir que os dois se matassem. Se via de longe a fúria e a tensão que estava naquela sala.

Os dois teriam mesmo iniciado uma luta física se não fosse por Sophia emitir um ruído de dor. A loira levou as mãos ao pé de sua barriga redonda e emitiu mais um ruído. Suas feições mostraram a dor que sentia e o desespero por não querer que sua filha nascesse tão antes do momento adequado.

— Aí! — Finalmente escapuliu e se sentou. — A Emily... — Não terminou a frase, sentia como se a bebê fosse nascer naquele instante, mas sabia que não era certo, sabia dos riscos.

— Ei, o que você está sentindo? — Em um instante todo o clima de hostilidade se dissipou e apenas preocupação era o que existia. Micael se ajoelhou diante da mulher enquanto Luiza sentou ao seu lado e segurou sua mão, igualmente angustiada. — Meu amor, fala comigo.

— Umas pontadas... aqui... — Se curvou pra frente, numa tentativa de amenizar. — Eu não quero que ela nasça agora, Micael. — Tinha os olhos cheios de lágrimas. — Me ajuda, por favor. — Implorou como se ele tivesse o poder de parar aquelas pontadas.

— Vamos para o hospital. — Anunciou por fim e ajudou sua mulher a se levantar. — Consegue andar? — Sophia assentiu, ainda com uma expressão de dor, e andou apoiada em Micael até a saída da casa. Luiza se levantou pra ir atrás e Sophia olhou pra irmã.

— Você precisa ficar com o Felipe. — Micael disse antes que sua mulher dissesse. — O menino não pode ficar aqui sozinho.

— Mas ela é minha irmã. — Disse como se fosse óbvio, com aquele tom de preocupação que Luiza adotava toda vez que Sophia estava com algum problema de saúde.

— E ele é seu filho! — Respondeu com uma raiva mal escondida na voz. — Você fica aqui e cuida dele direito, ou eu não respondo por mim.

— Tudo bem, mas me manda notícias. — Ela pediu e recebeu um aceno de cabeça, Logo Micael terminou de levar Sophia para fora e enfim os dois deram início ao caminho até o hospital.  

InevitávelWhere stories live. Discover now