4 - Capítulo

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      Freen Sarocha


Busco ar quando a garota aperta demais a minha cintura, olho-a pelo retrovisor e ela está parecendo um tatu embolado em minhas costas. Que garota estranha. Tenho a impressão se ela tivesse quatro braços, usaria todos para se agarrar em mim. O que me levava a crer que a Rubi tem razão ao dizer que essa garota é a fim de mim. Claro que não é apenas pelo agarramento, mas também pelo retardamento mental que a cometeu quando me aproximei dela...

Quando sair do colégio, estava raciocinando como me aproximar dessa garota. Poderia falar com ela em algum momento, mas geraria desconfiança... Na teoria e na prática, os populares não falam com os nerd se não houve nenhuma intenção. Não existe genuinidade. Ou seja, não seria uma abordagem muito inteligente. Gosto de ser minuciosa, de adquirir a confiança, de fingir que há uma espontaneidade na ação.

Por isto, quando a vir saindo da padaria, não pude acreditar na minha sorte. Tudo foi arquitetado rapidamente. Um acidente "inocente" em que a culpa recairia apenas nela por não ter prestando atenção ao atravessar á rua foi o ideal para mim. Imaginei que o impacto iria fazê-lo torcer a perna, ou quem sabe, o braço, e eu ficaria a disposição para ajudá-la. Mas confesso que ver apenas um pequeno corte foi bastante... Decepcionante.

Mas isso não me impedirá. Ao menos, foi uma porta de entrada para me comunicar com a esquisita. A confiança seria adquirida em algum momento. E é isso que eu quero... A confiança. Vou mais além, vou fazê-la acreditar cegamente em mim e depois manipulá-la a entregar o seu fundo de garantia.

Preciso desse dinheiro em minhas mãos!

Terei que ver um modo de me fazer presente em sua vida sem que ninguém veja, ou descubra. Será um suicídio social se alguém me vir na companhia dela. Tenho certeza que cairia na boca de Alison, e isso não faz parte do plano. Essa garota será a minha boneca feia em que vou brincar quando ninguém estará vendo.

Felizmente, o penhasco não era distante e tendo em vista que existia apenas uma casa nesse lugar remoto, deduzo que a casa dela. Paro em frente. Como se tivesse ganhado vida novamente, ela pula pra fora da moto rápido demais e faz uma careta de dor, sua perna ainda estava á sangrar.

- Obrigada Freen, por me trazer, realmente não precisava. - ela sorrir pálida e parece um pouco acanhada.

Olho dela para a sua casa. Nada excepcional. Arquitetura velha e humilde. O barulho das ondas se quebrando nas pedras era bem audível de onde estávamos. Sua casa ficava uns metros da ponta do penhasco, o vento frio e denso fazia se arrepiar. O cheiro da maré era um pouco enjoativo, de primeiro momento.

Volto a olhar para ela. Seus cabelos loiros alvoroçavam-se no vento. Não são longos, iam á altura dos ombros, lisos. Não eram bem cuidados como o de Alison, mas tinha um quê de beleza. As sobrancelhas extremamente finas e com algumas falhas indicavam de que a própria que as fazia. As bochechas eram extremamente vermelhas, o nariz repleto de sardinhas e a boca em formato de coração. O seu corpo estava perdido e escondido numa baby look com estampa de Minnie e uma calça pescador folgada de péssimo gosto. Ela é tão simplória que se não fossem os seus grandes olhos castanhos passaria despercebida.

Definitivamente, não é atrativa.

Retiro o capacete e viro um pouco o meu rosto para impedir que os meus cabelos batam em meu rosto.

- Você não quer ajuda com isso? - pergunto, referindo-me a sua perna.

Ela parece que é envolvida novamente por um encantamento e fica completamente perdida, me olhando como se eu fosse uma obra de arte. É engraçado, e eu não pude deixar de sorrir de lado, percebendo o meu sorriso, ela ficou muito corada.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Onde as histórias ganham vida. Descobre agora