Capítulo - 52

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      Freen Narrando


Uma claridade insistente ultrapassa as minhas pálpebras pesadas. Sinto uma sensação horrível dentro de mim, como se o meu corpo estivesse triturado por dentro. Todo o meu abdômen juntamente com a minha cabeça dói. O meu corpo quer se movimentar, mas parece que o meu cérebro está lento demais para ordenar qualquer coisa.

Solto o ar pela boca e percebo o quanto ela está seca, juntamente com os meus lábios. Passo a língua pelo meu lábio inferior, mas apenas deixa uma gosma sobre ele, incapaz de umedecê-lo.

– Água... Água... – minha voz sai porosa, estranha até mesmo para os meus ouvidos.

Não demora mais que uns segundos para que algo úmido é colocado em meus lábios e percebo depois de um tempo que é um algodão embebecido de água, aparentemente, eu não poderia beber água diretamente. Não aplacou a minha sede, mas aliviou a sensação desconfortante dos meus lábios.

O meu corpo está trêmulo. Algo interno, como se todos os meus órgãos estivessem em frenesi. Aumentando mais o meu mal estar. Eu queria abrir os meus olhos, mas as minhas pálpebras estavam tão pesadas e meus globos oculares doloridos que movimentá-los parecia uma tortura.

Dor. Todo meu corpo, cada célula está envolvida por dor. Depois que compreendo a dor física, vem a dor emocional com chuvas de lembranças da noite anterior em que eu sair do hospital e fui até um bar. Drogas e álcool, como se não houvesse amanhã...

Mas, infelizmente, o amanhã parece que aconteceu. Solto um soluço alto e sofrido. O que estou fiz a mim mesma? Por que estou me destruindo dessa forma? Toda dor que sinto, toda a sensação ruim no meu âmago, estou tão destruída por dentro que a concepção de nunca mais fazer isso comigo mesma vinha em minha mente.

Será que fui atropelada depois que sair do bar? Bem. Eu cheguei a sair do bar?

Sinto a presença de alguém comigo, provavelmente a mesma pessoa que colocou o algodão me meus lábios. Meus sentidos vão se apurando e eu escuto um barulho chato que eu reconheço perfeitamente bem, desde o tempo em que era residente.

Barulho da máquina de hemodiálise.

O impacto da surpresa vem forte e atinge o meu estômago e faz com que eu golfe, quase me fazendo broncoaspirar, tento me erguer, porém, um par de mãos me impendem, e com cuidado, o leito da cama vai se erguendo até ficar meio inclinada na posição de Fowler, consigo tossir tudo que me incomoda e rapidamente sinto o alivio em meu peito, mas, em contrapartida o meu pescoço está incômodo, subo a minha mão até a lateral e sinto um catete nele.

– Oh, não mexa. – a voz me aconselhou carinhosamente. – A sua jugular foi o único lugar com um bom fluxo para o catete.

Quando essas palavras são ditas, parecendo tão insignificante, meu corpo acende e eu sinto cada cantinho que foi retalhado para o acesso do catete... Subclávias direita e esquerda. Femorais direta e esquerda.

– O que aconteceu? – minha voz novamente sai tão estranha, grossa, como se a minha garganta tivesse salobra.

– Você teve uma overdose de heroína... Misturada com o álcool foi uma bomba relógio para o seu organismo. Está sendo preciso algumas sessões de hemodiálise para que o seu sangue seja totalmente purificado, já que os seus rins foram afetados, mas não se preocupe, eles estão melhorando, gradativamente. É apenas um IRA.

"Apenas um IRA". Como se uma insuficiência renal aguda não fosse aterrorizante, principalmente com a probabilidade de se tornar crônica. Mas os meus pensamentos se fixam em coisas mais importantes, como...

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now