Capítulo - 15

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      Rebecca Narrando


O tom autoritário na voz de Freen me fez olhá-la com um pouco á mais de atenção. Parecia que finalmente o gênio dela estava florescendo. Não que eu sinto falta dele, mas...

Estava me perguntando quando a Freen que conheci no colégio... Dona de si, com uma resposta sempre na ponta da língua e cheia de artimanhas iria surgir... A mudança em si, é bastante perceptiva, mas a nossa personalidade é algo que não podemos abafar, mesmo estando em uma posição delicada que ela se encontra...

Ela não está mais pálida como antes. Não parece que vai morrer á qualquer momento. Os seus olhos exibem força, apesar do seu corpo estar tenso... Constatar isso sobre o seu corpo, me fez olhar para ele... Está usando um vestido preto curto cruzado na frente que deixava os seus seios volumosos quase em exposição, nos pés, sandálias Anabela branca de amarração. Os cabelos lisos abertos no meio, caiam-lhe até tocar a sua cintura.

Um look simples, quase do dia-a-dia. Porém, bonita. O caimento do vestido parece que está abraçando o seu corpo, tornando-o charmoso aos meus olhos. Oh, droga. Viro-me na necessidade de mais uma dose, quando escuto as batidas na porta e voz de Serena implorando para abrir.

Coloco uma dose extra.

Viro a dose, e viro-me na direção de Freen quando vir a empregada parada, parecendo ansiosa por alguma ordem.

– Querida, como é o seu nome? – pergunto a empregada. Ignorando a Freen que cruzou os braços em resposta.

– Marcelina.

– Marcelina... Você poderia ir ao quarto de Alison, e jogar todos os pertences dela pela janela? Chame os outros empregados para fazer o mesmo com as coisas da Serena. Poderia fazer isso para mim? – pergunto gentilmente.

– Sim senhora, com licença.

Assentir, então, escutei o pigarro de Freen. Levo uns milésimos de segundo para olhá-la e sinto a tensão, a corrente elétrica correndo entre nós quando os nossos olhos se encontram. Mer*da! Achei que, a química que tínhamos no passado tinha morrido com a força das atitudes e com o ódio. Mas, parece que aumentou consideradamente. Algo que eu não contava, e estava me desiquilibrando, um pouco.

Ser autoimune a qualquer sentimento e reação é primordial para a execução e encerramento da vingança. Não posso ficar estremecendo e me agitando com a Freen no recinto, isso me enfraqueceria de alguma forma. E ser fraca é uma das coisas que não posso ser.

Talvez, seja o calor do momento. O meu sangue borbulha dentro de mim e a fúria ainda se estabelece em meus sentidos. As palavras de Alison em relação ao Chris ainda fervilha dentro de mim. Não suporto que o meu filho sofra nenhum tipo de preconceito. Ele é uma criança, um anjo. Jamais deve escutar palavras terríveis por ser o que é, nem agora, nem adolescência e muito menos na sua fase adulta.

Ser negro não é doença. Ter cabelo crespo não é uma anormalidade. O seu caráter não pode e não deve ser definido com pré-julgamentos por conta de sua cor. É hediondo quem abre a boca para nutrir o preconceito e explanar a intolerância e o racismo. Não aceito que em pleno século 21 esse tipo de coisas aconteçam. Nem com o meu filho, nem com ninguém. Quando as coisas vão mudar?

Adotei o Chris quando ele tinha apenas quatro anos. Era uma criança refugiada do Haiti, além de órfã. O atendi no hospital público em que trabalhava voluntariamente. Ele estava com um pequeno tumor no cérebro que afetou os seus movimentos psicomotores. Tudo acontecera muito rápido. Senti uma grande afeição por ele. O amei desde a primeira vez que o vir e soube que não poderia voltar para casa ou sair daquele hospital sem levar o meu filho comigo.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now