Capítulo - 27

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     Rebecca Narrando


Quem beija o meu filho a minha boca adoça.

Essa é uma frase que eu nunca tinha compreendido o verdadeiro significado até ser mãe... Até ter o meu Chris em meus braços. A partir do momento em que você é mãe, não pensa mais em si, primeiro vem o seu filho na tua mente, para depois vir você mesma. O filho se torna a essência de uma mãe. A base. O tudo. Eles sempre vem em primeiro lugar. Eles que cativam o nosso eterno amor. Uma pessoa que aproxima-se do teu filho dando-lhe flores, que o trata bem, quem cuida e o faz sorrir, é a mesma coisa que está fazendo em você. Porque o filho é a melhor parte de nós.

Chris é o meu tudo.

Por isso, quando vi a sintonia entre Chris e Freen não pude deixar de me compadecer. Apesar de uma parte de mim não querer que essa amizade flua... Querendo ou não, Freen é minha inimiga. Mas, os pensamentos entram em contradições e confusões quando a vejo sorrir e olhar para o meu filho com tanto carinho.

Incrível como em apenas algumas horas, o Chris se afeiçoou por ela. Aparentemente, o sentimento parecia reciproco. Mesmo o meu coração agindo de forma estranha ao ver Freen junto com o meu filho, ainda fico reticente por saber que uma coisa que Freen sabe fazer muito bem é fingir um sentimento.

Dormimos na sala de cinema, e acordamos com o Chris pulando em cima de nós. Foi um momento de risos e de leveza, também de troca de olhares entre mim e Freen. Parecia até que éramos uma família feliz. Essa constatação esmurrou violentamente o meu estômago e fez o meu sorrir morrer. O meu subconsciente sabia que por milésimos segundos, desejei realmente que fôssemos. Isso abalou as minhas estruturas. Eu sabia que estando próxima de Freen, que permiti-la fazer parte do meu cotidiano iria me enfraquecer. Era como se eu tivesse o poder, mas que ia sendo sugado por uma presença muito maior. Eu não deveria ter deixado a Freen ter ficado comigo para o Ano Novo, e muito menos deixado que se aproximasse do Chris. Estava preste a mandá-la embora quando o Chris pediu com os olhos brilhando para que Freen passasse o dia conosco...

Isso me desestabilizou mais ainda. Tentei dizer que não, mas a feição entristecida do Chris mudou a minha opinião. Permitir que ela ficasse... Emprestei uma roupa minha para que ela pudesse tomar banho. Tomamos café da manhã juntos, depois o Chris insistiu em brincar com o simulador de montanha russa que eu tinha comprado para ele no Natal e estava na sala de jogos. Não quis participar para me manter fortalecida perante Freen, mas o meu filho não aceitou um não.

Brincamos. Passamos a manhã na sala de jogos. Brincando com os jogos mais simples aos mais complexos. Freen e Chris sempre se abraçavam quando ganhavam alguma coisa. Ela fazia questão de interagir com ele. Os dois pareciam grandes amigos, o Chris a olhava com os olhos brilhantes, e isso me incomodava. Não era ciúme de mãe. Era o medo de que futuramente o Chris sofresse alguma decepção vinda de Freen.

Olhava-a com advertência, mas ela sempre ignorava os meus sinais. Depois de tanto brincar, os três formos para a cozinha fazer o almoço, o meu filho fez questão de ajudar e mais uma vez, sentir a estranha sensação de que éramos uma família. Isso começou a me aborrecer, até porque nego-me a sentir qualquer coisa desse gênero por Freen... Apesar do meu mau humor, eles se mantiveram imunes ao meu gênio.

Durante á tarde, o Chris insistiu em voltar a assistir filme novamente. Ele já estava com o corpo ficando amolecido novamente por conta da caxumba. Só permitir que assistisse depois de um banho e tomasse os remédios. Como previsto, depois de um tempo, ele estava dormindo mais do que assistindo. O levei para o quarto sem dizer nenhuma palavra a Freen. Coloco-o na cama, e o cubro, beijo-lhe a testa e quando me viro, irrito-me ao vê-la ali, compartilhando de um momento intimo entre mim o meu filho.

Uma fúria explode dentro de mim. Caminho rapidamente até ela e seguro em seu braço, a arrastando para o andar de baixo, consequentemente a porta.

– Ei! Espera! – ela puxa o seu braço e dá um passo para trás, evitando ir para a porta. – O que foi? – pergunta confusa.

– O que foi? – sibilo furiosa com um dedo rente no rosto dela. – Como ousa fingir carinho e amizade para o meu filho quando você é seca por dentro e não tem nada de bom para oferecer?

A expressão confusa de Freen muda bruscamente. Ela fica séria, olhando-me como se não tivesse acreditando na minha acusação. Os seus olhos antes que brilhavam, apagaram-se de tamanha decepção. Essa vitimização só me deixou mais furiosa ainda!

– Você está insinuando que eu estou usando o Chris para fins pessoais? – a voz dela saiu dura, as suas mandíbulas ficaram tensas.

– E por que não? – ergo o meu rosto, a olhando friamente. – Não é como se fosse a primeira vez que você usaria alguém visando o ganho de alguma coisa.

Freen fecha os olhos como se tivesse buscando paciência. Quando abre, os seus olhos castanhos estão quase escuros de tanta raiva.

– Os seus julgamentos são irritantes, Rebecca. Quando você vai parar de me ver apenas como aquela garota imatura de anos atrás que trocou os pés pelas mãos? – as suas narinas se inflamam. – Eu estou mudando, estou colhendo as consequências dos meus erros e aprendendo com eles. Por tanto, não aponte o dedo na minha cara como se fosse a dona da razão e da virtude, você não é a pessoa mais indica para fazer isso.

Trinco os meus dedos com a sua resposta. Olho-a em minha frente, mas não a enxergo de tanta raiva. Abro a porta da frente e faço um gesto com a cabeça.

– Fora da minha casa. A trégua acabou. – estalo os dedos como se ela fosse um cachorro, tentando agilizar a sua saída. – E lembre-se Freen: Afasta-se do meu filho.

Ela caminha até a saída, mas antes de ir, vira-se para minha frente.

– Eu não vou me afastar do Chris. Gosto do seu filho, e ele gosta de mim. Não há o que fazer. – lança-me um sorriso debochado. – Atura ou surta.

Fecho a porta com extrema força, fazendo-a estrondar. Ando até a sala com as mãos na cintura, revolta. Atura ou surta? Se eu soubesse que as intenções de Freen para o Chris fossem boas, não ficaria pilhada. Mas, a Freen não me inspira confiança, não me inspira nada de bom. Acho que os únicos momentos em que ela me proporciona algo bom é quando está me fazendo go/zar. Isso é um fato.

Enfim. Terei que prestar bastante atenção nessa suposta amizade. Suporto se eu sair ferida desse jogo, mas o meu filho não. Não o meu Chris. Procuro o meu celular e quando acho, faço uma ligação. Depois de três toques, a pessoa do outro lado da linha atende.

– Hora de agir. – aviso e desligo em seguida.

Vou mostrá-la como é o meu surto...



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Eu disse que a felicidade da Freen não duraria. 

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Onde as histórias ganham vida. Descobre agora