19 - Capítulo

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      Becky Armstrong


Não existe sensação melhor do que a plenitude de fazer bem á alguém.

O meu coração estava leve, como se tivesse um peso de algodão. Ao me lembrar dos olhos felizes da mulher que gentilmente me abraçou e expressou a sua gratidão foi impagável... Ela se apresentou como Nádia, apenas Nádia e não cansou de agradecer, o meu sorriso se manteve em todo momento, mesmo diante do ceticismo do gerente em saber que eu pagaria a dívida da senhora. Hoje em dia, a benevolência é algo tão raro que quando as pessoas se deparam com ela ficam estarrecidos.

Dona Nádia insistiu para que me pagasse o dinheiro de volta com promissórias. Mas, delicadamente neguei. O dinheiro não iria me fazer falta, e nem influenciar em meu futuro acadêmico. Foi um ato de coração sem nenhuma pretensão, sem esperar nada em volta, e seria inadmissível receber algo da senhora de olhos tão amáveis.

Conheço muito bem o desespero. Sei como é necessitar de algo e não pode ter. Claro que de maneiras diferentes, o caso de Dona Nádia era mais fácil de ser resolvido, que no caso com dinheiro... O meu... Só um milagre que o resolveria. A saúde de mamãe não poderia ser comprada com cédulas...

Dona Nádia até que tentou me persuadir para aceitar as promissórias. O que me levou a crer que realmente era uma mulher de bom coração, e a minha empatia transformou-se em um carinho imenso. Estranho, não é? Se afeiçoar a uma desconhecida dessa forma? Talvez, fossem os olhos amorosos ou o sorriso doce. Não deixo de crer que ela me lembra alguém... Enfim, como não aceitei as promissórias, ela fez questão que eu fosse jantar em sua casa em forma de agradecimento...

O que me deixou extremamente sem graça, mas diante do seu olhar, não pude dizer não... Então, ela me deu o seu endereço e disse que me esperava, até comentou que tinha uma filha de minha idade e que achava que nos daríamos bem. Apenas sorrir e despedi-me dela com a promessa de que nos veríamos mais tarde.

Minha tarde passou rapidamente. Estranhei o fato de Freen não ter aparecido. Provavelmente, só a veria amanhã, o que me deixou um pouco entristecida. A única parte "ruim" de estar apaixonada é que criamos uma certa dependência pela pessoa amada. O que me confortava era que a veria na manhã seguinte... O meu coração podia esperar mais um pouquinho...

Assim que cheguei em casa e vir que mamãe estava bem, contei á ela sobre o que fiz. A expressão de mamãe foi de surpresa para um sorriso de orgulho. Ela sabe que eu tenho a alma caridosa. Não é de hoje, e muito menos de ontem que sou assim.

- Oh minha filha... O seu coração é tão lindo e puro. O meu maior medo é que um dia alguém mal intencionado destruía o que você tem de tão belo. - mamãe suspirou, estávamos escolhendo a roupa que eu usaria. Ela declinou o convite de ir também, alegando que estava sonolenta e preferia o conforto de sua cama.

- Ninguém vai fazer isso, mamãe. - disse para confortá-la, peguei uma saia florida e virei-me para ela. - A nossa essência nunca poderá ser destruída, certo?

- Certo. A nossa essência sempre vai permanecer dentro de nós. Mas isso não significa que podemos mudar a forma que vermos a vida. Quando assoprei a velinha, pedi que a maldade nunca corrompa o teu coração. Ele é lindo demais para ser destruído. - mamãe segurou á minha mão e a beijou. - Prometa-me que nunca vai mudar, querida. Independentemente das ações das pessoas, prometa-me que nunca vai encher esse coração de ódio...

- Prometo. - respondi sem pensar duas vezes.

Mamãe ficou extremamente aliviada.

- Apreciei muito o seu ato, mas cuidado para não tirar dinheiro de mais e ficar sem nada, hum? - pediu. - Ainda tem a universidade para se inscrever.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now