8 - Capítulo

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     Becky Armstrong


Embrulhei com imenso carinho o lenço de seda de Freen.

Mamãe realizou um perfeito milagre com o tecido que parecia novo. O segredo era água oxigenada. Uma maravilha para tirar manchas de sangue. Depois o lavei com muito cuidado, e deixei um pouquinho no amaciante para ficar um cheiro bom, depois de seco, passei o ferro morno para não danificar o tecido. O resultado foi incrível.

Só de imaginar a carinha de Freen, o meu coração se enche de ansiedade...

Guardei o embrulho na minha mochila e fui me arrumar. Eu sou uma das primeiras a chegar ao colégio, como moro um pouco distante, e vou á pé, tenho medo de me atrasar, por isso, que sempre saio com antecedência. Tomo um banho frio para despertar do leve sono, e lavo os meus cabelos. Depois do banho tomado, me olho no espelho... Chego à conclusão que o meu cabelo está com o franjão muito grande. O corto. Depois que o seco com o secador percebo que ficou uma porcaria, se tornou uma franja irregular, as pontas pareciam em uma tabela com gráficos: Umas comprimidas e outras curtas. Suspiro, e prendo a franja com várias presilhas, e o cabelo com o meu habitual rabo de cavalo.

Visto-me habitualmente. Uma camisa polo verde, uma calça jeans comprida e sapatilhas. Passo um pouquinho de perfume com cheiro de talco. É um pouco infantil, mas gosto do frescor que me proporciona. Desço com a minha mochila nas costas, encontro mamãe sentada na sala com uma xícara de chá na mão e algumas bolachas no prato á sua frente repousada no centro de sala, juntamente com um bule e outra xícara limpa.

- Mamãe... Eu iria preparar o seu café. - digo assim que a vejo. Vou até ela e cumprimento com um beijo na testa. Solto a mochila nos meus pés e me sento ao seu lado.

Mamãe sorrir.

- Eu sei que sim, mas perdi o sono durante a madrugada e me levantei. Tem chá quente no bule, minha querida. - respondeu com um leve sorriso. - Como está a sua perna?

Servi-me um pouco de chá. Camomila. Um dos meus preferidos. Pesquei uma bolacha de água, e levei a boca.

- Está bem, mamãe. Lavei com água e sabão no banho e depois o enxuguei direitinho. Está seco e limpo, sem nenhuma anormalidade. - comento com a boca cheia, e bebo um pouco de chá, quase queimo a língua, está de fato, quente. - Sente-se bem?

- Uhum. -  mamãe passa a mão pela a sua testa e depois arrasta para a sua careca, acariciando levemente. Um gesto automático, se sentia falta dos cabelos longos, ela nunca me disse nada. -Está na época das inscrições das universidades. Você já fez a sua? - olhou-me.

- Ainda não. - respondi depois de mais um gole de chá, mamãe franziu o cenho. - Mas eu vou fazer, como aqui não tem internet... Vou fazer hoje no trabalho. 

- Harvard, certo?

- Harvard. - balancei a cabeça em positivo, embora que alguns questionamentos me vinham à cabeça. Mamãe percebeu a minha dúvida. Iria dizer alguma coisa quando uma buzina nos atraiu a atenção. Ergui-me e olhei pela janela, era a Irin, que sinalizava para que eu fosse até ela. Isso significava apenas uma coisa: Iria me dá carona até o colégio. Coloquei a xícara no centro e peguei a minha mochila. - Quando eu chegar do trabalho, limpo tudo, não se incomode com nada, mamãe. Tem almoço de ontem na geladeira, se sentir alguma coisa, ligue para emergência, por favor. 

Mamãe suspirou. Esse era o mesmo discurso que eu fazia á meses, mas nunca cansava de fazê-lo. Não tenho celular, e me incomoda muito, como também me preocupa deixar ela sozinha.

- Não se preocupe... Não sentirei nada. - mamãe disse, e com o meu olhar, ergueu uma mão. -Prometo que se eu sentir algo, ligo pra emergência... Agora vá para não se atrasar...Eu te amo.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Onde as histórias ganham vida. Descobre agora