Code of Honour • Z.M

I Want You

Aylena

As aulas acabam e eu decido almoçar em casa, como há muito tempo não tenho feito. Maryl está preparando uma lasanha de palmito que minha mãe lhe ensinou, e que com certeza deve estar mil vezes melhor que a dela. Subo as escadas e troco de roupa, faço um rabo de cavalo e me deito na cama à espera de que Maryl me diga quando a comida vai estar pronta.

Eu matei duas aulas hoje. Estava conversando com Charlie. Ele estava me ajudando a decidir o que fazer com a minha vida, e eu cheguei à conclusão de que vou contar a verdade para Nicolas, eu só não sei como nem quando. Foi bom estar com Charlie - só nós dois - outra vez, e sem ter que ouvi-lo falar o quanto Shei é bonita e o faz sentir bem.

Ouço Maryl avisar que o almoço está pronto, pego meu celular na bancada do banheiro e desço as escadas, me deparando com meus pais sentados à mesa para o almoço. Não sabia que eles almoçariam em casa. Me sento ao lado de meu pai. Maryl serve a lasanha em nossos pratos e começamos a comer.

- Soube que você e o Nicolas brigaram. - minha mãe diz, interrompendo o silêncio.

Engulo seco e rezo para Nicolas não ter contado os detalhes para sei lá quem que contou a história para minha mãe.

- O que ele disse? - indago, sem tirar os olhos do prato. O celular ao meu lado na mesa.

- Na verdade a mãe dele deduziu que vocês tinha brigado, porque ele chegou em casa com muita raiva. - ela diz e dá uma pausa - Você não está aprontando nada, não é?

Tiro os olhos do prato e observo a loira bem arrumada à minha frente. Ergo uma das sobrancelhas. Uma raivinha percorre meu corpo e sinto vontade de manda-la para sei lá onde, mas mantenho a calma, até porque eu estou aprontando.

- Então vocês dois acham a mesma coisa. - digo, dando de ombros.

Meu celular toca duas vezes, indicando mensagem de texto, mas eu ignoro ao ler o nome de Zayn na tela.

- Eu não acho nada, só não quero que você estrague o relacionamento eu lutei tanto para fazer acontecer.

- Caprice... - meu pai tenta repreende-la.

Ok, agora eu estou com direito de ter raiva. "Lutou para fazer acontecer"? Por acaso foi ela que teve a primeira transa com alguém que não ama? É ela que está sem saber o que fazer porque está amando outra pessoa?

- Lutou para fazer acontecer? Que eu saiba não foi você quem aceitou namorar com alguém sem ser por amor! - exclamo. Meu celular vibra mais umas vezes.

- Você disse que o ama! - ela exclama. - A culpa não é minha se você ficou calada esses anos todos. Você podia ter dito que não queria.

- Até parece, Caprice! - digo - Você nem me deu a oportunidade de decidir. Ficou me empurrando para esse namoro, ficou me obrigando a confiar tudo à ele. A minha... Você sabe. 

A cada palavra que sai da minha boca eu percebo o quanto eu não gosto de Nicolas como namorado.

- Você deu porquê quis. - ela diz por fim.

- Caprice, já chega! - meu pai exclama, batendo as mãos na mesa.

Observo-a por alguns segundos e consigo perceber o arrependimento em seu rosto. Empurro a cadeira para trás e saio da sala de jantar. Meus olhos estão cheios de lágrima, mas eu não vou chorar, até porque é lágrima de raiva. Jogar na minha cara que perdi a minha virgindade sem amor foi golpe baixo. Vou para o meu quarto e bato a porta com força.

Mais uma briga para a coleção, mas pelo menos serviu para mostrar que não quero mais estar com Nicolas. Me jogo na cama e respiro fundo para na chorar, deslizo dedo pelareis do celular e abro as mensagens de Zayn. Antes de ler, decido salvar o número dele no meu celular para não ficar com o nome horrível de usuário dele que até hoje eu não entendi.

Zayn: vc não me contou como foi com o Nicolas
Zayn: vocês brigaram?
Zayn: vou te mandar algo que vai te fazer sorrir.
Zayn: (foto)
Zayn: vc esta aí?

Abro a foto e não finado evitar o sorriso que se estampa em meu rosto. Salvo a mesma no rolo da câmera do celular. Respondo a segunda pergunta, dizendo que ele desconfia de algo e que nossa briga foi feia. Digo também o que acabou de acontecer na mesa do almoço. Sobre minha mãe jogando coisas na minha cara, sobre não querer estar com Nicolas.

Zayn: com quem vc quer estar?
Eu: com quem vc quer estar?

Ouso perguntar. Ele demora um tempo para responder, e sinto meu coração apertar, porque o sinalizador de visualização está colorido, mas antes que eu me aflija ainda mais, o celular vibra.

Zayn: eu quero você.

Deixo o celular de lado e vou até o guarda-roupa. Visto um short jeans, o moletom que ele me emprestou, e calço o meu velho e sujo Vans preto. Coloco o celular no bolso e desço as escadas. O moletom vai até pouco abaixo da minha bunda, o que dá a impressão de que estou sem o short por baixo, me obrigando a segurar o moletom enquanto vou em direção a porta, ignorando completamente os chamados de minha mãe, e os pedidos de meu pai para que ela me deixe em paz.

Dou partida em alta velocidade e pego o atalho mais eficaz até a casa de Zayn. Preciso dele comigo agora, preciso de seu colo. Sei, eu poderia ir atrás de Charlie, mas não, eu quero Zayn. Acho que só como uma certeza de que é ele quem eu quero, e de que sou eu quem ele quer.

Chego em pouco mais de dez minutos na casa. Estaciono o carro de qualquer jeito na frente do lugar, e desço correndo. Toco a campainha umas quatro vezes seguidas até que a porta aberta, exibindo um Zayn usando apenas aquela sua calça moletom - aparentemente a peça de roupa favorita dele.

Me jogo em seus braços no mesmo instante, e me sinto absurdamente bem ao sentir suas mãos envolverem meu corpo com toda a força e proteção possíveis. Ele beija minha cabeça e me afasta um pouco, segurando meu rosto com as mãos.

- Você tem certeza? - ele indaga se referindo a minha escolha entre ele e Nicolas.

- Absoluta. - respondo, colando nossos lábios.