Lost Calls

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Aylena

Acordo com o barulho irritante das pessoas passando no corredor e das vozes aqui no quarto. Minha cabeça está dolorida e eu estou bem irritada com tamanha falta de educação dessas pessoas que nem ao menos respeitam o sono alheio. Praguejo bem alto assim que abro os olhos, para eles saberem que estou incomodada e me levando. Vou até o banheiro, faço xixi e vou para a cozinha. Decido não trocar de roupa nem tomar banho devido à preguiça, já que fui dormir umas cinco horas da manhã. Olho para o relógio ao lado da geladeira vejo o ponteiros marcar quinze para as duas da tarde.

Charlie está sem camisa, exibindo aquele maldito caminho da felicidade que já insisti para ele raspar, e batizando um café com um daqueles remédios para ressaca. Provavelmente para Shei, que bebeu horrores ontem. Faço um café forte para mim e dou uma boa golada, me retraindo ao sentir o líquido queimar minha língua. Charlie parece meio irritado, e eu não consigo evitar o riso. Sei que está puto por causa da bebedeira de Shei, e ele odeia essas coisas.

Como se estivesse lendo os meus pensamentos, ele exclama:

- Ela é louca! Louca de pedra!

Começo a gargalhar, sabendo que ele tem razão. Shei sempre foi muito louca, bom, dizem relatos, já que a conheci apenas há alguns anos. Mas conheço o suficiente para concluir que ela é louca ou como ela diz "aproveitadora da vida". Dou tapinhas leves nas costas do garoto e beijo seu ombro. Ele me conta das pequenas discussões que teve com ela durante a festa, em que ele pedia - implorava - para ela parar de beber, e a garota simplesmente o mandava ir para a puta que pariu. Conversamos por alguns minutos até ele decidir ir levar o café para ela e eu volto para o quarto. Pego o celular na bolsa a fim de dar sinal de vida para os meus pais, que voltaram ontem à noite de Chicago, e fico espantada com a quantidade de chamadas perdidas.

Trinta e três chamadas. Trinta e três. Todas de Zayn. Fico meio receosa em ligar de volta. Ainda estou bem chateada com o fato de ele não querer me contar a verdade completa. Até com Nicolas, que era um bundão, eu dividia tudo com a certeza de que ele faria o mesmo. Ignoro as chamadas perdidas, mando uma mensagem de texto para meu pai, jogo o celular na bolsa e vou para o lado de fora.

Maioria das pessoas - na verdade as menos folgadas - estão arrumando o lugar onde aconteceu a festa, e eu resolvo ajudar. Pego uma sacola de lixo e começo a recolher os copos, talheres e restos de comida do chão. Uns estão indo embora e se despedem com um "tchau" rápido, enquanto outros estão comendo as sobras de ontem ou dormindo ou simplesmente fazendo nada. Damme se esbarra em mim - creio que de propósito - e tenta puxar assunto. Tento ser o mais amigável possível, mas realmente estou sem paciência para nada hoje. Graças a Deus, chamam ele para ajudar a passar pano na parte de dentro da casa. Ele nunca deixou de ser irritante - e gostoso.

Michael, o garoto que controlou o som ontem à noite, vem até mim com o meu celular em mãos. Agradeço e vejo o nome de Zayn brilhar na tela. Resolvo atender.

- Oi Za... - ele me interrompe.

- Meu Deus, Aylena! Você me matou de susto. Achei que tivesse acontecido algo. Te liguei umas mil vezes.

- Trinta e quatro vezes, contando com essa. - digo e ele sorri sem graça - O que foi?

- Ainda está com raiva? - permaneço calada - Bom, onde você está? Precisamos conversar.

- Estou numa casa de campo em sei lá onde. Foi aniversário do Charlie ontem. - digo entediada.

- Ah... - ele diz - Quando você voltar nós podemos conversar?

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