Drama #2

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Aylena

Minha cabeça está latejando, e meu pescoço dói. Abro os olhos e tento me esticar, mas os meus pulsos estão amarrados, assim como meus tornozelos. Ao redor, tudo o que vejo são paredes pichadas, goteiras e um daqueles portões de correr azul escuro. A tinta visivelmente descascando. Tento soltar os pulsos, mas é inútil. Repasso meus movimentos anteriores e me lembro de sair da boate, ir para o carro e ser arrancada dele.

Olho para cima e vejo Magnum, vindo em minha direção ao lado de um outro homem esguio. O que me abordou no carro. Eu sabia que esse homem não prestava, sabia desde o início. Tudo isso tem a ver com Zayn, tudo isso só está acontecendo por causa dele. Fico ainda mais frustrada em saber que desde o início Shei sabia disso tudo e nem sequer me deu um alerta. Deixou eu me envolver, entregar os pontos e apostar tudo em um homem que não vale o come.

A mão áspera de Magnum acaricia meu rosto, e eu me esquivo - em vão - enquanto olho para a arma prateada apontada em minha direção. Ele para de me acariciar, olha para a arma e depois para mim.

- Oh! Me desculpe pela indelicadeza. - ele diz, absurdamente educado e calmo.

Isso não coincide com o perfil físico nem o status dele, o que me deixa assustada e surpresa. Ele abaixa o braço do homem e o mesmo mantém a arma mirada para o chão.

- O que eu estou fazendo aqui? - indago irritada, e com medo. - O que querem de mim?

- De você? - ele dá uma risadinha - Nada, nada. Na verdade, precisamos de você para que o seu namoradinha nos pague.

- Zayn?

- Você namora mais de uma pessoa? - ele indaga sarcástico e eu reviro os olhos. - Ah, claro! Acho que vocês terminaram depois que descobriu quem ele é de verdade. Estou certo?

Viro o rosto e encaro o chão ao meu lado. Ele puxa meu queixo, me obrigando a encara-lo.

- Seu namorado tentou me passar a perna, e sabe, eu odeio traição. - ele respira fundo - Ele é um cara bom, mas infelizmente vacilou comigo.

- Eu não tenho nada a ver com isso. Me deixa ir embora. - digo, quase que implorando.

Ele gargalha e de abaixa, ficando quase do meu tamanho.

- Acho que não, princesa. - ele diz, beijando minha bochecha e eu tento me soltar.

- Eu vou gritar. - ameaço.

- A-hã. - ele murmura e sai.

Passeio o olhar por todo o lugar em busca de algo que possa me ajudar, mas está tudo vazio. Não há moveis, eletrônicos, nada. Só duas portas e um bebedouro velho e enferrujado. Um homem sai de uma das portas com um banquinho e se senta há poucos metros de mim. Ele gira a arma com apenas um dedo e assobia alguma música que não consigo entender. "Pensa, pensa. Você tem que sair daqui.", penso. Minha cabeça está doendo muito e latejando no ritmo do meu coração.

Olho mais uma vez para uma das portas e digo:

- Estou apertada. - digo para o homem ao meu lado.

- Você tá amarrada. - ele diz sem olhar para mim.

- Eu quero fazer xixi, seu idiota. - digo.

Ele revira os olhos e se levanta do banco. O mesmo desamarra meus pés e me guia até uma das portas, desamarrando meus pulsos no mesmo instante e eu entro, trancando a porta em seguida.

Olho ao redor desesperada enquanto massageio meus pulsos. Não tem nada além da privada imunda, da pia quebrada e da pequena - quase minúscula - janela no alto da parede. Está muito escuro lá fora. Praguejo baixinho e procuro alguma coisa no pequeno armário com espelho acima da pia. Nada além de pó e uma gilete. Uma gilete. Pego a mesma e levo minha mão até o cabelo, massageando o lugar da pancada e sentindo o sangue seco descascar. Destranco a porta com a mão livre e saio. O homem pede para que eu estenda as mãos. Demoro uns segundos, ainda pensando se faço ou não isso, e no instante em que eu estico a mão que estava no meu cabelo, levo a gilete até seu rosto, fazendo um corte na bochecha. Mais precisamente do alto da maçã do rosto até perto do lábio superior. Ele xinga minha mãe e segura meus braços com força. Me debato nos mesmos enquanto tento corta-lo mais uma vez.

Code of Honour • Z.MWhere stories live. Discover now