Hurts

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Zayn

Eu sinto como se o chão abaixo dos meus pés fosse inexistente, como se o ar estivesse faltando, e como se meu corpo estivesse se desfazendo. Quando ela apareceu aqui, de surpresa, imaginei que fosse para conversarmos. Eu senti tanta falta dela nesses três dias que não nos falamos, e agora essa merda acontece. Eu me sinto um completo idiota. Um merda. Um fodido por tudo isso. Eu podia ter evitado. Podia ter mandado a real na hora que a coisa começou a pegar, mas não, eu sou um otario com medo do amor.

"Eu tenho nojo de você".

Essa é a única frase, de toda a conversa, que permanece em minha mente. As imagens de minha antiga namorada - antes de Aylena-, me deixando, vêm em minha mente e meu peito dói. Ver Aylena indo embora foi tão ruim. Eu nunca me senti tão triste desde que meus pais morreram. Ainda estou ajoelhado na porta de casa, em meio aos soluços. Safaa e seu namorado já tentaram de fazer levantar daqui, mas eu os afastei, como sempre faço. Xinguei, briguei, e quis permanecer aqui, repassando a conversa toda em minha cabeça várias e várias vezes.

Isso tudo é culpa minha. Culpa de Magnum. Se ele não tivesse aparecido; se ele não tivesse inventado essa merda de tentar, me prejudicar atingindo minha namorada... Se EU não tivesse concordado desde o início em trabalhar nessa porcaria, nada disso teria acontecido. A dor de perder Aylena é substituída pelo ódio. Não dela, mas meu, de Magnum e de toda essa situação. Levanto do chão - sem nem me dar o trabalho de enxugar as lágrimas - pego o Vans sujo na área de serviço, as chaves da moto e saio da casa.

Minha cabeça está latejando, e as lágrimas pararam de cair. Eu devia ter me acostumado com isso. Na verdade eu esperei por isso, esperei a merda agarrar ao invés de tentar reverter a situação. Eu me sinto tão responsável por ela. Eu a amo tanto. Meu Deus. Eu sempre estrago as coisas. Ultrapasso todos os carros possíveis e sigo em alta velocidade pelas ruas de Manhattan.   Eu vou atrás de Magnum, nem que seja no inferno. Vou descobrir onde ele está e acabar com a raça dele. Nem que seja a última coisa que eu faça na vida. Estaciono a moto na frente da casa de Louis e Niall, e desço. Entro no lugar sem nem ao menos bater na porta ou avisar. Niall está na cozinha com a irmã de Louis, Lottie. Eu não gosto dela, então passo direto e puxo o garoto para a sala.

- Ei! Que porra é essa? - ele indaga.

- Você precisa me ajudar a rastrear a porra do número do Magnum.

- O que? - ele está incrédulo - Aquele cara pra quem você deve?

- É, Niall! - grito. - Agora!

- Calma, calma. - ele diz e pega meu celular.

Vamos até o quarto dele, que fica no final do corredor. O loiro senta à mesa de estudos e começa a digitar um monte de coisas sem sentido. Ele sempre foi muito esperto com com computadores. Não é à toa que ele faz ciência da computação na faculdade. Depois de uns trinta minutos, ele me entrega o celular é um endereço.

- Você não vai dar uma de James Bond, não né? - ele indaga e eu saio do quarto - Por nada! - ouço ele gritar.

Decoro o endereço e monto na moto. Ele está não muito longe daqui. Deve estar num cafofo fodido no final da cidade. Parto em alta velocidade, seguindo o endereço que Niall me deu. O ódio percorre minhas veias e meu sangue enquanto eu acelero mais e mais. Só consigo pensar em Aylena gritando comigo, dizendo que confiou em mim e que eu estraguei tudo. A culpa só aumenta. Ela apostou em mim, no meu amor. Meu Deus, como eu sou fodido.

Uma hora se passa quando eu finalmente avisto a casa, que Magnum está, no final de uma rua pouco movimentada. Diminuo a velocidade até estacionar pouco antes da casa. Desço da moto e só então percebo que estou sem capacete, e que já devo ter tomado umas mil multas ao passar pela fiscalização eletrônica. Foda-se. A porta está semi-aberta. Entro na casa, parece estar vazia, e eu continuo adentrando o lugar. É uma casa simples, mas o importante é que ele está aqui. Ouço um barulho no final do corredor à minha frente, e me assusto. Vou andando e vejo Magnum procurando algo nas gavetas de um armário. Me aproximo e o puxo pela gola de trás da camisa. Ele pode até ser musculoso, mas não é tão pesado.

- Que po... - ele começa assim que se vira para mim, e eu o acerto com um murro no queixo.

Ele cambaleia para trás e eu aproveito que ele está desprevenido e dou outro soco em sua barriga, tentando disfarçar ao máximo a dor que sinto no punho. Observo-o se levantar do chão.

- Filho da puta! - grito. - Se você encostar um dedo na minha garota, você vai se foder na minha mão.

Ele solta uma gargalhada alta.

- Seria terrível se ela se machucasse. - ele diz e eu o acerto com outro murro.

Logo em seguida sinto seu punho pesar em meu queixo, e por um momento acho que meu maxilar está deslocado. Mas é só impressão. Faço menção de me levantar do chão, mas ele acerta minha barriga em cheio com um chute, e logo depois outro chute na minha boca. Cuspo o sangue da minha boca e meus braços tremem ao tentar levantar.

- Chegou aqui se achando o fortão, e tá parecendo uma mosca morta. - ele diz, cutucando meu corpo com o pé.

- Eu vou matar você. - digo, me engasgando com o cuspe.

Passo a língua pelos dentes, me certificando de que todos estão no lugar, e louvo a Deus por isso. Consigo me levantar e passo a mão pelos cabelos. Estou todo dolorido, mas o ódio que percorre em minhas veias é maior. Tento acertar Magnum com um soco, mas ele empurra meu braço e me bate mais.
Volto a cair de bunda.

- Vai sim. Já estou morto. - ele diz irônico. - Sabe, eu gosto de você, cara. Já disse isso. Mas você tentou me enganar com aquela porra falsa.

- A droga foi roubada! - exclamo.

Ele se aproxima de mim e segura meus cabelos.

- E eu com isso? - ele indaga - Nós tínhamos um trato. - há uma pausa - Eu podia matar você, mas acho que você vai querer assistir o espetáculo.

Meu coração dá solavancos e eu só consigo pensar em Aylena. Eu não vou me perdoar se alguma coisa acontecer a ela.

- O que você vai fazer? - indago mais desesperado do que queria parecer.

Ele gargalha alto e engulo seco. Está tudo meio zonzo e eu estou com tanto ódio que não consigo as coisas as coisas direito. Achei que chegaria aqui, daria a maior surra nele e sairia como o herói da historia. Quem porra eu estava querendo enganar, vindo aqui? Eu mesmo, duh. Mas quem acabou levando a surra fui eu, e ainda recebi uma ameaça contra Aylena. Ele me observa e soca meu rosto outra vez, e tudo fica preto.

Code of Honour • Z.MWhere stories live. Discover now