EPÍLOGO SURPRESA

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Aylena

Doze anos. Doze longos anos. Doze anos à espera do amor da minha vida. Se eu desisti? Não. Nunca. Esperei por ele durante cada segundo desses dias. Desses meses. Desses anos. 4380 dias. O que aconteceu nesses últimos doze anos? Muita coisa. Não sei nem por onde começar. Contando com o fato de que me isolei nos primeiros meses. Mas vamos lá. Nas primeiras semanas eu não fiz nada além de chorar. Shei insistia em me levar para festas, mas eu recusei. Vi Charlie pouquíssimas vezes quando ele ia me visitar. Liam e Niall sumiram de Nova York. Safaa chamou o namorado para morar com ela. Meus pais ganharam ainda mais dinheiro e até hoje eu não sei como ele não recebeu nenhum tipo de peso judicial em relação a Zayn. 

Um mês se passou. As férias da faculdade acabaram. Eu fui promovida no estágio na TV Vogue - a única coisa além da faculdade que realmente me dediquei. Nicolas foi morar no Canadá. Eu não sei o motivo. Passou um ano e eu finalmente me formei. O estágio virou emprego de verdade e eu comecei a ganhar cada vez mais devido minha dedicação. Vim morar sozinha em um apartamento enorme e solitário em Manhattan. Comprei um carro novo. Uma BMW.

Passaram mais anos e nada de novo aconteceu. Só a minha tristeza e saudade que aumentavam a cada dia. Eu não podia ir visita-lo.

Os doze anos se passaram e eu estou aqui. Com trinta anos. Trinta. Trinta anos de idade ainda amando aquele garoto na mesma intensidade dos primeiros dias. Amando cada detalhe daquele rapaz. Aqueles olhos cor de mel. Aquele sorriso lindo. As tatuagens. Os erros. A inteligência. O estresse. Cada detalhe.

Não sei como ele está física e psicologicamente. Não sei se ainda me ama. Mas sei que nesses  doze anos eu sofri. Mas creio que isso vai acabar. Creio não! Isso VAI acabar. Ele

Finalmente desligo o carro. Estou parada na frente da penitenciária há alguns longos minutos, pensando em tudo o que passei por  este homem. Passo a mão nos cabelos - agora até a altura dos ombros - pego minha bolsa e saio do carro. Está meio frio aqui fora, e agradeço mentalmente por ter vestido uma calça e um blaser. Encaro a fachada azul escuro do lugar. Os muros extremamente altos e cheios de  arame no teto. "Como alguém pode viver aí dentro?", penso. Respiro fundo, com o peito estufado, e dou os dois primeiros passos. Preciso atravessar essa pequena rua até chegar ao lugar. Vão ser os passos mais longos da minha vida. Um por vez até o outro lado. É como se estivesse acabado de aprender a caminhar.

Finalmente chego do outro lado. Suspiro. O segurança pede minha identidade e eu entrego-lhe no mesmo instante. Ele analisa algumas coisas no computador arcaico (XP) e me deixa passar, devolvendo meu documento. Sou obrigada a atravessar um corredor estreito, onde qualquer claustrofóbico teria algum tipo de ataque. Um homem alto e muito forte me espera no final. Fico receosa. Ele passeia o detector de metais pelo meu corpo pelo menos umas três vezes, até finalmente liberar passagem. O
pátio é enorme. De um lado temos uma vasta área de grama com arquibancadas pequenas e de madeira, do outro temos uma quadra de basquete, e algumas mesas no canto inferior do pátio. Todo esse cenário me lembrando Prison Break. Continuo andando até o enorme prédio.

Um homem diz que devo seguir até o final do corredor e virar à direita. Assim faço. O percurso é mais longo do que parece ser nos filmes. Estou tensa. Como será que ele está? Uma mulher alta e gorda recolhe os meus pertences e me faz passar por uma máquina de raio-X. Admiro a visão de segurança deles. Segurança para com criminosos. Zayn é um criminoso. Eu demorei para aceitar isso. Achava até descolado (?). Um homem me guia até um lugar cheio de grades. O lugar é vazio, porém a minha frente, atrás das enormes grades vazadas, tem um corredor gigantesco cheio de celas. Ouço as vozes dos presos, mas eles não se manifestam para me ver, ou para liberar palavras chulas como nos filmes. Penso que tenho que entrar aí, mas o homem me empurra gentilmente para a esquerda onde há mais um corredor para se atravessar. Meus ombros estão tensos e meus olhos azuis arregalados. No final do corredor há outra grade como a anterior. Um corredor parecido atrás dela, porém menor.

O oficial que me acompanha abre a grade e pede para que eu fique à espera. Olho para o corredor escuro. Nada de ele aparecer. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Ouço passos e um barulho irritante de corrente vindo em nossa direção. Ele aparece ao fazer a curva e ficar de frente para mim. Seus olhos se arregalam no mesmo instante. Parece surpreso em me ver. Não esperava que viesse? As lágrimas escorrem de meu rosto e eu corro em sua direção. O oficial tenta me segurar, mas eu já estou perto de Zayn. Me jogo em seus braços e agarro seu pescoço. Minhas lagrimas molhando suas roupas. Um soluço alto escala de meus lábios.

O oficial que o acompanha pede para que eu me afaste. Assim faço e ele solta Zayn das algemas. Ficamos nos olhando por alguns segundos, até ele me beijar. Um beijo intenso. Saudoso. Repleto de melancolia. Que nem nos romances românticos do início do século XX. Ficamos nos beijando por um bom tempo, até finalmente nos afastarmos. Os oficiais nos observando. 

- É tão bom tocar naquilo que foi o meu sonho durante doze anos. - ele diz e eu choro mais. - Eu senti tanto medo. Um medo grande, gigantesco, de você não me amar mais.

Seguro seu rosto com as mãos. As lágrimas dele encharcando meus dedos.

- Eu te amo na mesma intensidade dos primeiros dias. - digo.

Finalmente estamos livres. Livres dos medos. Das dores. Livres para amarmos um ao outro sem remorsos. Livres para reiniciar tudo. Sem jogo de culpa.

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Por nada :)

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