I am Scare

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Zayn

São quase duas horas da tarde, e eu estou esperando Safaa sair da droga do ensaio da banda do namorado dela. Eles são conhecidos como Roasters. Um monte de garotas histéricas e com roupas curtas vão aos shows deles, mas eles são uma droga. O som da bateria e a voz do vocalista começam a me incomodar e eu saio do lugar. Me encosto na moto que está em frente ao galpão e pego o meu celular no bolso.

Vejo as fotos que tirei com Aylena na festa de Nicolas. A minha favorita é a que ela está sorrindo de olhos fechados. Ela não queria que eu tirasse a foto. Coloco a mesma como papel de parede de tela bloqueada do meu celular, e mando uma mensagem para a garota, dizendo que a amo. Eu fiquei a noite inteira, enquanto ela pegava no sono, pensando em um futuro para nós, e se ela se arriscaria tanto. Eu já pensei em desistir disso tudo. Tenho dinheiro suficiente para parar com essa porcaria e ficar uns bons anos sem trabalhar, mas acho que já se tornou um vicio. Eu sinto como se estivesse sendo obrigado a continuar o legado do meu pai.  O que é uma merda.

Vez ou outra eu me pego imaginando como seriam as coisas se não tivesse me envolvido com ela, ou se tivesse lhe dito as coisas no inicio. Eu nunca imagino nada concreto, mas sei que se fosse para te-la ao meu lado, eu faria tudo de novo... Menos a parte em que ela se machuca. Ainda sinto um ódio forte de Magnum, mesmo depois de te-lo matado com um tiro na cabeça. É como se o fantasma dele aparecesse sempre para me lembrar de como Aylena sofreu naquele maldito dia. Eu demorei tanto para aparecer. Minha pele arrepia só de imaginar o que teria acontecido se eu não tivesse aparecido. Me remexo em busca de conforto.

Sinto meu celular vibrar. Deixo o dedo pela tela rachada  e vejo a imagem que a russa me mandou. Ela no set de filmagens improvisado que a TV Vogue preparou no Central Park. Vai ser um tipo de enquete sobre moda com pessoas aleatórias que passam pela rua. Eu não entendo direito dessas coisas, mas sei que é bem estranho você perguntar coisas para pessoas aleatórias. É perigoso. Sei lá.

Safaa finalmente aparece e eu agradeço. O garoto está pendurado no pescoço dela, e eu puxo-o pelo braço. Minha irmã revira os olhos e coloca o capacete, montando na moto em seguida. Dou partida em alta velocidade e ouço a menina protestar, mas eu ignoro.

(...)

Termino de comer o terceiro sanduíche de atum e jogo o prato na pia, rachando mesmo. Reviro os olhos. São quase seis horas. Saio da cozinha e me esbarro em Safaa que vinha correndo com meu celular em mãos.

- Mas que... - ela não me deixa terminar.

- Seu celular está morrendo de tocar. - ela diz ofegante.

- Ah. - digo e pego o aparelho.

Treze chamadas. Treze maldigas chamadas de Aylena no meu celular. Meu coração aperta e eu ligo para a garota no mesmo instante. Ela atende no segundo toque.

- Mas que porra, por quê você não atende a droga do celular? - ela berra do outro lado.

- Desculpa! - digo com a voz esganiçada - Aconteceu algo?

Um silêncio.

- Aconteceu que você esqueceu de vir me buscar e todo mundo já foi embora.

Bato a mão na testa ao lembrar do nosso combinado. Ela está furiosa comigo. Não é para menos, já que deveria ter ido buscá-la uma hora atrás.

- Desculpa, amor. - digo envergonhado.

- Vai se foder. - ela diz - Venha me buscar.

Antes que eu possa responder, ela desliga o telefone. Não consigo evitar o riso que escapa dos meus lábios. Coloco o celular no bolso, visto uma camiseta branca, calço meus chinelos Adidas e saio da casa.

Não demora muito até que eu chegue onde a russa está. Estaciono a moto e entro no parque. Avisto a mesma sentada em um banco, de pernas cruzadas e cobertas por uma meia-calça preta bem fina - e sexy. Me aproximo lentamente e beijo a bochecha dela. Ela se sobressalta e me xinga.

Ela está usando uma saia preta meio rodada, uma blusinha branca e saltos muito altos pretos.

- Você é um merda de um garoto com Alzheimer. - ela diz e eu sorrio. Ela sorri também.

- Vou te pagar um milk-shake em forma de desculpas. - digo e ela beija minha bochecha.

- É, pode ser.

Vamos até um pequeno quiosque do Bob's. Peço um milk-shake de ovomaltine enquanto a garota vai se sentar em um banco a poucos metros de mim. Ela está com o olhar distraído e arregalado. Franzo o cenho e volto a me concentrar no jeito que o rapaz prepara o pedido.

Um vento frio percorre por dentro de minhas veias e eu me remexo incomodado. Pago o milk-shake e vou até a russa, que sorri ao me ver - ou ao ver o que está em minhas mãos. Tomo um bom  gole do milk-shake, ela protesta e toma o copo da minha mão. Reviro os olhos.

(...)

Enxugo os cabelos, enrolo a toalha na cintura e saio do banheiro. Aylena está deitada na cama, usando apenas calcinha e sutiã. Um calor percorre meu membro e eu passo a mão nos cabelos. Me aproximo da garota e dou uma leve mordida em sua bunda, decorada com algumas finas linhas em relevo na pele. Ela sorri e se vira para mim, beijando meus lábios. Ela me manda vestir uma cueca e eu obedeço.

Visto a cueca branca, exibindo vergonhosamente o relevo por baixo do tecido. Me deito ao lado da garota e observo-a mexer no celular. Conversando com Anna, a namorada brasileira de Harry. Acaricio os cabelos da garota e a mesma diz que vai se preparar para dormir. Abraço-a pela cintura e beijo seu pescoço, enquanto ela agarra meu braço.

Ela está me beijando, me beijando muito e dizendo que me ama. Eu estou chorando, não sei o motivo. Tudo fica preto e nós estamos sendo separados. Ela grita meu nome e...

- NÃO! ME LARGA! - voz de Aylena me faz despertar.

Levanto de supetão, e vejo a garota se contorcer na cama. Sacudo a mesma que está com o corpo suado, ela protesta antes de acordar. Suas mãos agarram meus braços e suas unhas fincam minha pele, me retraio e um "ai" escapa de minha boca.

- Ele estava lá. Ele estava lá. - ela diz rapidamente. Sinto suas lágrimas escorrerem pela pele do meu ombro.

- Ele quem, amor? Ele quem? - estou desesperado. Ela está agarrada a mim.

- Magnum. Ele ia me matar. Eu ia morrer. Eu ia morrer. Ele tá vivo. - ela chora.

Agarro-a pelos braços e mantenho-a olhando pra mim.

- Aylena, ele está morto. Eu matei ele. Você viu.

- Não, não, não.

- Foi um pesadelo. - abraço-a - Eu estou aqui. Calma.

- Eu estou com medo. - ela diz.

Code of Honour • Z.MWhere stories live. Discover now