Drama

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Aylena

Estou sentada há horas no balcão de um bar qualquer, tomando todos os shots possíveis. Se eu estivesse de maquiagem, estaria parecendo uma mortiça de tanto que eu chorei. Se bem que estou com cara de morta agora.

Tem uma vozinha irritante na minha cabeça, me dizendo que eu não devia fazer tanto drama com isso, e que eu devia aceitar os fatos, terminar com ele e seguir em frente. Embora seja isso que eu queira - e deva fazer - a pancada foi bem mais forte do que uma simples decepção. Logo ele, de quem eu tinha tanto orgulho e enchia a boca para falar de sua coragem. O garoto que viu os pais serem assassinados, cuidou da irmã como se fosse uma filha, e assumiu os negócios dos... "Negócios". Eu poderia esperar qualquer tipo de decepção vindo da parte dele, sei lá, traição - o que eu achei que tinha acontecido há pouco tempo - uma mentirinha aqui, mas tráfico já é o ápice de toda essa merda.

Não era para doer assim.

Na verdade, talvez. Eu nunca amei ninguém, além dos meus pais, de verdade. Sabe? Um namorado. Nunca tive, além de Nicolas. Eu sempre fiquei com muitos garotos bonitos por ser a popular do colegial, mas nunca amei nenhum. Até mesmo Nicolas. Bom, eu dizia que era amor, mas acho que estava só acostumada com ele.

Ele sim me amou.

E não mentiu para mim.

Olho para o relógio à minha frente, os ponteiros dançando, e pergunto o horário para o homem barbudo ao meu lado. Sete e meia da noite. Peço mais umas rodadas de shots, e tomos todos quase que de uma vez só. Coloco muito mais dinheiro do que devia no balcão, e saio do bar, cambaleando. Não sei quanto daqueles copinhos de vidro cheios de tequila eu tomei, mas sei que foram muitos, e que estou bêbada a beça. Vou até meu carro que está do outro lado da rua, quase sendo atropelada por um garoto de bicicleta. Xingo a pobre da mãe dele e entro no carro em seguida. Pego meu celular no banco do carona e vejo que não tem nenhuma mensagem. Nem de Zayn, nem de Shei, nem dos meus pais, nem de Charlie. Só uma mensagem ridícula de operadora, dizendo que ainda tenho uns duzentos bônus de internet. Reviro os olhos e desligo o aparelho. Abro o porta-luvas e pego algumas notas de cem dólares que estão enroladas com um elástico e coloco tudo no bolso do meu short. Ainda estou usando a roupa que usei para dormir ontem à noite - ou melhor, hoje de manhã - na casa de campo. O short moletom cinza, a camiseta branca até pouco abaixo da minha cintura, dizendo "BabyGirl" e meus chinelos Adidas.

Observo uma boate improvisada montada logo à frente e vejo que uma enorme fila de forma do lado de fora. Faço um rabo de cavalo, usando uma pulseira fina de silicone preto que estava no meu braço e desço do carro. A fila está enorme. Vou até o segurança que está na porta, pegando os ingressos das pessoas, e sibilo meu nome no ouvido dele. Ele faz uma careta ao sentir o meu hálito de álcool, e pede minha identidade, provavelmente não acreditando em minhas palavras. Reviro os olhos e saio de perto dele. Não estou com minha identidade, mas tenho a carteira de motorista. Vou até meu carro, e sei que ele está acompanhando os meus passos com o olhar, pego a carteira de motorista no console do carro, fecho o mesmo e volto para o segurança. Entrego a carteira de motorista, ele checa, me observa por uns segundos, até que por fim me deixa entrar e pede desculpas pelo "transtorno". Quase mando ele tomar no cu.

O lugar está cheio, embora as pessoas da fila ainda não tenham entrado. Todos estão meio arrumados, mas eu não ligo para a roupa que estou usando. Só quero tirar todas essas merdas da minha cabeça, por enquanto. A música de Gucci Mane está alta, e todos estão dançando. Sério, todos. Não tem uma sequer pessoa sentada nos sofás pequenos ao redor do lugar. Me intrometo no meio da multidão e começo a dançar ao ritmo da música. Um cara passa com um copo de vidro longo e uma garrafa de Vodka* em cima de uma bandeja. Seguro a manga de sua camiseta branca de botões, e coloco trezentos dólares no cós da sua calça. Ele sorri e me entrega o copo e a Vodka*. Burro, mal sabe ele que essa garrafa vale muito mais que duzentos dólares.

Code of Honour • Z.MWhere stories live. Discover now