I Can't

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Aylena

São mais de cinco horas da tarde. Passou-se apenas uma hora desde a visita à Zayn, e a conversa que tive com meu pai. Minha mãe continua a parte de tudo isso, mas eu tenho certeza de que se isso estourar, ela vai descobrir. Na verdade isso é óbvio.

A minha conversa com ele está martelando minha cabeça, e eu estou enjoada e com medo. Medo de tudo. Eu não quero em sentir assim. Eu não posso. Eu estava pensando tanto no que devo fazer, mas cheguei a uma conclusão: não vou abandoná-lo. Não posso. Queria poder.

Amarro o cabelo direito e cubro meu corpo com o lençol. Eu chamei Charlie para vir aqui em casa, mas ele está demorando e eu estou começando a ficar chateada com isso. Cutuco minhas unhas, tentando imaginar como Zayn está e por quê diabos Mark fez isso.

Eu desconfiei dele desde o início, mas não acreditei na minha intuição, e estou me sentindo bem irritada. Na verdade, Zayn não devia ter "deixado pra lá" o fato de Mark entrar em seu escritório e roubar sei lá o que. É lógico que ele fez isso a mando de alguém, mas quem? Magnum? Não, ele está morto. Estremeço. Tem que haver um motivo.

Pego meu celular no intuito de mandar uma mensagem para Zayn, mas então lembro de seus pertences recolhidos e reviro os olhos. Eu chorei bastante. A forma como ele me tratou foi terrível, mas quero pensar que aquilo foi consequência do calor da emoção.

Me remexo de um lado para o outro na cama a fim de conforto, mas não tenho êxito. Jogo o lençol para o lado e mando uma mensagem para Charlie, implorando para que ele venha logo me ver. Preciso de alguém que dê uma terceira opinião sobre isso tudo. Embora eu saiba que gostaria mesmo é de ouvir uma opinião igual à minha, mas sei que Charlie não vai dizer o que eu quero ouvir.

Espero uns cinco minutos após a mensagem, e ele finalmente aparece, usando suas calças largada e sua camiseta do 2NE1.

- Como você está? - ele indaga.

- Não sei. - digo com a voz fanha. - O que você acha que eu devo fazer sobre isso?

- Você fazer algo? - ele parece surpreso com minha pergunta - Ele quem fez merda, Lenna.

Dou de ombros e ele suspira. Não estou falando sobre tirar ele da cadeia ou nada do tipo, só quero saber o que devo fazer a respeito da nossa relação.

- Sobre nós dois, eu quis dizer.

Há uma pausa. Charlie põe a mão no queixo olha para cima por alguns instantes. Volta a olhar para mim.

- Eu não sou muito fã dele, e apesar de ele te fazer chorar na maior parte do tempo, sei que ele te ama. - ele diz e eu me alivio.

Não era exatamente o que eu estava esperando que ele dissesse. Eu quero estar ao lado de Zayn nesse momento, mesmo que seja uma situação terrível. Mas isso suporta-lo agora não significa que vou querer isso pra sempre. Quero que ele abandone essas coisas todas depois que as coisas se resolverem.

- Discutimos quando eu fui lá mais cedo. - digo com certo pesar. - Ele agiu como se não se importasse com a minha visita.

Charlie revira os olhos e depois sorri.

- Até parece que você não sabe que nos fazemos isso o tempo todo, e que quando fazemos, na verdade, queremos chamar sua atenção. - ele diz e eu sorrio sem mostrar os dentes. - Vai lá, não hoje, e diz que o ama e todas essas coisas, mas que ele vai ter que mudar daqui a diante.

Agradeço por Charlie ter me dito isso. Dou um abraço apertado nele, o mesmo tira os sapatos com os próprios pés e se ajeita na cama, me puxando para perto. Abraço o tronco dele, enquanto ele faz  carinho em meus cabelos embaraçados. Acabo adormecendo em consequência do cansaço mental.

(...)

Meus pais já estão em casa. Minha mãe está toda alegre, falando dos contratos que fechou para abrir a grife dela. Já meu pai está furioso comigo, ou sei lá. Na verdade, eu também ficaria furioso.

Termino de comer o bolo de laranja e me jogo no sofá da sala, ligando a televisão em seguida. Charlie foi embora há poucos minutos. Eu me dei o trabalho de marcar com antecedência a minha visita à Zayn. Não quero ter que esperar horas naquele lugar, e também não quero demorar ali.

Meu pai aparece ao meu lado, usando aquelas calças malditas da Adidas. Ele pergunta se eu não quero ir vê-lo treinar, digo que sim, embora saiba que isso é só uma desculpa para ter uma conversa comigo. Na verdade, outra. Calço meus chinelos e vou com ele para o salão pessoal dele no final do condomínio.

O lugar está com um cheiro forte de spray pra banheiro. Os vidros e espelhos estão bem limpos, assim como os aparelhos de ginástica e os bonecos para lutar Boxe. Sento-me em um banco de madeira escura, e o observo colocar as luvas.

- Pode começar, pai. - digo, sabendo que ele quer falar algo.

- Você sabe o que eu acho. - ele diz. - Esse garoto não presta, e eu não sou a favor desse relacionamento.

Ele não é a favor do relacionamento. Isso é tão cômico. Se ele não é a favor do relacionamento, por quê me deixou namorar com ele desde o começo, já que ele sabia de tudo o que o Zayn fazia?

- Mas você era a favor no início.

- Ele me prometeu cuidar de você, e não te envolver nessas merdas. - ele fala, socando o enorme saco preto de couro. - E, obviamente, não é isso que ele está fazendo.

Em parte ele tem razão, mas eu sei que Zayn nunca teve a intenção de me envolver nisso. Ele mesmo diz. Eu queria poder dizer não a ele, mas o meu coração está tão aconchegado, apesar dos. problemas, que eu não consigo deixá-lo. O que não significa que não fico com raiva dele.

- Não vou abandoná-lo.

- Faça o que quiser. Não vou te impedir. - ele diz, concentrado dos socos e chutes. - Mas eu mato ele se algo acontecer com você.

Balanço a cabeça em concordância e roubo uma maçã do cesto de vidro.
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3...

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