Capítulo 8

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- Para uma novata você conseguiu ter apenas um deslocamento, isso é bom.

- Como assim bom? - Perguntei ao Lanyon.

- Agentes novatos costumam vir arrebentados, vamos dizer.

Essa conversa foi enquanto Lanyon cuidava do meu braço. Como vi em alguns filmes, eles puxavam com força o braço deslocado e arrumava. E parecia que Lanyon estava prestes a fazer isso. Colocou um pano em minha boca, esticou meu braço esquerdo e *GRITO*. Foi uma dor tão rápida, e já sentia meu braço se movimentando bem.

Sai pela área 51 procurando Garry. Ele era um cara sério, e parecia não ter ido com a minha cara, mas não me impediria de conversar com ele:

- Oi, Michelle. Você viu o Garry por aí?

- Sim, ele te procurava. Vá até o quarto andar na sala n° 27.

- Me procurava? Enfim, obrigada.

Elevador era mole para qualquer um, e bem útil para alguém preguiçoso. Então, fui pelas escadas até o quarto andar. Muitas salas, mas encontro à de meu interesse.

*TOC TOC TOC*

- Licença, Garry?

- Dayana! Digo, agente Only.

- Sim, sou eu. Vim te agra... - Sou interrompida por ele.

- Antes de me falar qualquer coisa, temos dois casos urgentes! Você precisa deter um deles amanhã, por isso, treine hoje, agora!

E eu aqui pensando que receberia os parabéns. Estou vendo que esse local, as pessoas são elogiadas somente quando salvam o mundo. Pensei. Fiquei um pouco decepcionada, mas eu teria de me acostumar.

- Então, o que queria me dizer?

- Ah, eu vim te agra...

- Um momento. - Disse atendendo o telefone. - Oi, mas agora? Eu... Ah, ok. Desculpe agente Only, mas tenho que ir.

Com certeza se eu tentasse agradecê-lo novamente, algo iria me interromper. Por isso, resolvo reclamar.

- Mas Garry, são cinco horas da tarde! Estou cansada.

Se virou para mim, e andou de ré.

- Vai se acostumando, super-herói ou agente é tipo uma mãe. Ela vai fazer as coisas mais necessárias até a criança saber se virar, aí ela descansará.

- Quer dizer que vou fazer isso até a sociedade não ter mais vilões?!

- Isso mesmo! - Disse enquanto andava cada vez mais rápido.

- E onde é que estão os outros agentes?! - Fiz uma pergunta retórica.

Fui até uma máquina de bebidas, passei meu crachá e escolhi um suco de maracujá. Ao pegar, vou ao telefone mais próximo para ligar para meus pais. Meus dedos ficaram lentos a cada toque em um número, demonstrando saudade ou emoção, talvez.

*Chamando*

Uma voz máscula, não era do meu pai. Parecia que eu já havia ouvido, seria de alguém da minha família? Ouço a voz perguntar se alguém estava na linha, fico nervosa para responder. Poucos dias se passaram e já estava com uma saudade imensa! Mas a coragem vem.

- É, oi.

- Quem é?

- Tio Beran?

- Dayana?!

Sim! Era meu tio, Beran. A última vez que ouvi sua voz, foi à sete anos atrás. Adorava seu jeito brincalhão, que arranca muitas risadas de uma criança estranha.

- Sou eu, tio! Que bom te ouvir! Como está?

Meus olhos ficavam encharcados a cada palavra dele. Minha felicidade era extrema, mas como sempre, algo atrapalhava essa felicidade que seria duradoura. Garry, aprece com suas mãos segurando livros e, com uma expressão de " Ora ora ora" no rosto. Não muito contente, arranca o telefone da minha mão e coloca no gancho:

- Por quê?

- Você devia estar treinando!

- Eu só queria falar com meus pais, um pouco.

- Agente Only, entenda que a família vai ser esquecida. Quando realmente você não estiver atarefada, pode falar o quanto quiser com eles. Eu não falo com minha esposa faz uns três anos, e minha filha... Deve estar se perguntando a todo momento onde está seu pai.

Fiquei meio comovida, mas entendi.

- Desculpe, não se esqueça que sou novata.

- Tudo bem. - Disse virando as costas e passando as mãos nos olhos. - Estou deixando de viver minha vida comum para salvar várias. E você, também está. Todos irão te agradecer, mesmo duvidando. Todos que trabalham aqui, se preocupam mais com as outras pessoas, tá?

IDENTIDADE ZEROWhere stories live. Discover now