Capítulo 46

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— QUERO FALAR COM A TESTEMUNHA!

Entrei abrindo a porta a batendo com tudo na parede.  Fiquei diante do moço que estava sendo interrogado pelo detetive.

— Quem é você?! - Perguntou com medo.

— Isso não importa! Preciso falar com ele, agora! Saia da minha frente!

— Mas você não pode fazer isso!

— CALE-SE! ELES ERAM MEUS, MEUS PAIS! AGORA, VAZA DAQUI!

Consegui fazê-lo sair da sala. O moço, a testemunha, ficou com um pouco de medo de mim, já que estava também com medo do acontecido.

— Por favor, senhor, preciso saber o que aconteceu!

— Vo-você vai me machucar?

— Não. Só quero saber o que aconteceu!

Puxei a poltrona e coloquei perto do moço. Sentei, querendo prestar atenção em cada detalhe que saísse da boca dele.

— Eu não sei direito. Estou com medo!

— Senhor, por favor, é preciso da sua colaboração!

— Ok... Você sabe que eu ficava no mesmo quarto que seus pais, por isso, fui o único que presenciou aquela cena. Mas algo de estranho, muito! Eu... Eu acordei com gritos de misericórdia ou de dor, não sei. Mas quando puxei a cortina para olhar, uma faca, voando, voando! Matava seus pais!

— Como se alguém invisível estivesse segurando?

— Como alguém invisível! Mas depois que vi aquilo, fui pra baixo da cama, com medo. Dei uma espiada, e não tinha mais a faca voando lá. Ela estava em cima da cama. E a porta, estava aberta. 

— Não é você que precisa ser desculpado! E aliás, quem fez isso, nem ao menos será. - Encerrei a conversa saindo do quarto, mais furiosa ainda.

Fui até o elevador. Garry, cansado, entrou junto comigo e perguntou:

— Com o que estamos lidando?

— Com o homem-invisível. Com o próximo que sentirá a dor que sinto.

Olhei para ele que balançou a cabeça concordando. Quando chegamos ao primeiro andar, corremos para o carro. Quem tentasse falar comigo, seria ignorado ou respondido na ignorância.

Entramos, colocamos o sinto e Garry ligou o motor. Saímos do estacionamento e fomos para a estrada que levaria para a área 51.

Encostei minha cabeça na janela. Levei uma das mãos ao olho, e comecei a chorar. Aquela face de durona se derreteu. Chorei muito. Garry, parou o carro e tentou me confortar.

— Dayana! Eu sei o quão horrível isso é. Por favor, não se esqueça que eu, Ruan, Michelle, e todos da área 51 vamos estar ao seu lado! - Puxou minha cabeça levando ao seu peito me abraçando.

Também o abracei com força, querendo chorar até não conseguir mais. Eu não tenho forças para continuar. Quero largar tudo, ter uma vida comum, viajar até meus outros familiares adotivos e nunca mais me envolver nesse negócio de "ato heroico". Porque eu já sabia, que mesmo salvando pessoas da sua cidade, você, em alguma hora, pode e vai perder alguém que mais ama. Eu quero me vingar, mas toda hora vou pensar neles. Eles foram o que me fizeram não desistir, mas e agora? Onde seja que eles estejam, mãe, pai, agradeço por tudo e a justiça será feita! Pensei, chorando ainda mais.

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