Capítulo 45

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— Olá... Garry, está mal? - Perguntou a recepcionista.

Bem que ele falou.

— Não não, eu estou aqui para visitar meus pais e ele veio me acompanhar.

— Ah... É... Vou chamar o doutor. - Chamou o doutor através do telefone. — Aguardem só um pouco, por favor.

Nos sentamos no sofá para aguardar.

— Você percebeu que tinha um carro de polícia lá fora? Será que aconteceu algo?

— Talvez algum policial tenha se ferido. - Respondi. — Não se preocupa.

O doutor havia chegado. Garry e eu nos levantamos e trocamos apertos de mãos com o doutor. Ele não parecia muito animado, com uma cara que notícia boa não era.

— Dayana, como está?

— Até agora bem. Por que veio até mim? Isso não acontece, o que houve doutor?

— Dayana... Algo inex... Inexplicável aconteceu. - Segurou firme o fichário. — Não tão inexplicável nessa cidade...

— O que houve? Eu quero ver meus pais!

— Dayana...

Garry viu que eu estava prestes a surtar. Segurou meu braço com firmeza, já sabendo o que eu ia fazer. Mas do mesmo jeito, sacudi meu braço com força fazendo a mão de Garry soltar. Empurrei o doutor para o lado e corri até as escadas, querendo saber porquê, e o que estava acontecendo.

— Dayana! - Gritou Garry vindo atrás de mim, acompanhado do doutor.

Cheguei ao quarto andar, me deparando com um policial indo para o elevador e outros dois em frente a porta do quarto que meus pais estavam. Apoiei minhas mãos no joelho e inclinei a coluna, respirando ofegante e preocupada. Estava com medo, com os olhos ficando cheios d'água mesmo sem saber da situação.

— Delegado, nunca vimos isso antes. É um novo mutante na área. - Ouvir dizer um dos policiais para o delegado.

Não...

Andei apressada até eles e fui barrada.

— Você não pode entrar, jovem.

— Sou Dayana Jokley, filha do casal que ficava nesse...

— Delegado, temos uma testemunha que ficava do outro lado da cortina. - Apontou o policial para esquerda.

Com a distração deles, puxei o delegado para trás com força, quase o jogando contra a parede. Entrei no quarto e me deparei com sangue. Muito, mais muito sangue em todo lugar. Chão, teto, camas, cortinas, televisão, tudo!

Garry e o doutor me alcançaram. O doutor ajudou o policial, enquanto Garry, mal olhou para o quarto e já deu meia volta tapando os olhos, e logo levando a mão a boca.

Me ajoelhei no chão, confusa. Meus sentimentos se juntaram, tendo uma pitada de confusão, muita raiva e dor. Lágrimas escorreram dos meus olhos, uma por vez, mas não muito. Estava tão triste que não conseguia aliviar minha dor através do choro.

— O quê... O quê aconteceu, doutor? - Indaguei.

— Não sabemos direito. Não vimos ninguém entrar aqui, a não ser a enfermeira. Eu... Eu lamento!

Me levantei e olhei para o doutor. Peguei na gola do seu jaleco e com raiva, perguntei:

— MAS COMO DOUTOR?! COMO MEUS PAIS MORRERAM E NÃO VIRAM NADA?! COMO?!

— Largue ele agora, mocinha! - Apontou a arma pra mim, o delegado.

Devagar, larguei o doutor e saí do quarto onde tudo aconteceu. Fechei minhas mãos e as apertava de raiva. Nenhum sentimento estava ali além do ódio, da dor e da raiva. A vontade de quebrar tudo e gritar com todos era grande. Eu procuraria vingança, e conseguiria. Não desistiria até encontrar esse maldito. E antes de mata-lo, queria o motivo.

IDENTIDADE ZEROWhere stories live. Discover now