Capítulo 79

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— Only, você sabe o que fazer?

— Sei. Tenho que mantê-lo longe de brinquedos, pelo menos. Mas espero que cada transformação tenha um tempo.

Me aproximei dele deixando-o me ver. Coloquei os pés no chão e acalmei minha capa que vinha a frente com a força do vento. Pude ver a fumaça do cano do carro, que na real é o garoto, saindo demonstrando aceleração.

Ele veio a minha direção a toda velocidade, sem se preocupar se iria me ferir ou ficar impressionado por ter poderes. Não corri, não voei, não me teletransportei. Fiquei esperando o impacto.

— Only, você é louca? Saía da aí! Only! - Ouvi várias vozes desesperadas no fundo repetindo o mesmo que Ruan.

Estava próximo. Mas uma luz forte apareceu desaparecendo o carro. Até a criança aparecer e um carrinho, o mesmo, só que menor cair a frente dos meus pés. A criança me olhou e depois olhou para o carro. Me encarou em questão de segundos e veio tentar pegar o carro. Consegui pegar antes dele e olhei girando-o. O garoto parou e franziu sua testa, me olhando feio e depois correu para um corredor sem saída. Analisei o brinquedo e vi que nada, nada além dele mesmo poderia tomar forma.

Voei para a mesma direção do garoto, mas ele havia desaparecido. Na ficha relatava apenas esse poder de transformação, nada mais. Nem ao menos de invisibilidade, mas onde foi parar?

Andei mais pra frente no corredor e analisei as paredes, o chão e todo tipo de lixo ali. Quem sabe se não seria um botão que abrisse alguma porta secreta. Fictício demais.

— Galera, parece que ele escapou.

— Only, o que você vê no final desse corredor?

— Madeiras, em pé, uma do lado da outra impedindo a passagem pra algum lugar, eu acho.

— Empurre.

— Oi?

— Empurre. - Disseram todos que estavam me ouvindo através do comunicador.

Resolvi obedecer. Passei a mão levemente nas madeiras até ver uma que foi para trás. Coloquei mais força nessa mesma madeira, e vi que ela dava passagem para outra rua. Não se abria por completo, por isso, tive que me teletransportar pelo o que eu conseguia ver da outra rua.

Lá, encontrei várias casas e nenhum comércio. Parecendo ser uma rua residencial. Várias crianças brincando e parando me observando. Nenhuma delas era o Caetano, infelizmente. Certeza que ele correu para casa, algo que daria mais trabalho de procurá-lo.

— Moça, moça. Você é uma super-heroína? — Uma criança, um garoto puxou minha capa até eu atender.

— Sou uma agente, mas também heroína, acredito.

— Você tem poderes?

— Sim, eu tenho. - Me abaixei e coloquei minha mão no ombro dele. — Olha, garoto. Você conhece o Caetano Amaral? Sabe onde ele mora?

— Sim, sim! Ele é meu amigo na escola. Ta vendo aquela casa ali? Amarela e branco, com um carro vermelho. - Apontou.

Balancei a cabeça afirmando ter visto a casa.

— Então, ele mora ali. Os pais dele são legais. Se quiser pode ir lá, esse horário ele está brincando no quarto.

Corri e voei até lá. E aproveitei para dar uma espiada enquanto voava, e pude ver a cara de impressionado do garoto.

E agora, os pais dele estão em casa. Não posso simplesmente entrar assim!

Olhei ao redor para ver se algo ajudava. Até eu ver algo que teria que pegar emprestado: roupas da vizinha deles. Primeiro, observei se não havia câmeras no quintal da casa. E como percebi que nada era monitorado, corri até lá e peguei umas roupas que não ficaram muito justas, mas até que caiu bem. Escondi a máscara no bolso da calça que peguei e arrumei o cabelo. Enquanto o uniforme, seria coberto pelas roupas.

Fui até a porta da casa dele e toquei a campainha. Uma moça jovem e elegante me atendeu.

— Olá, posso ajudar?

— Olá! Sou uma das professoras de Caetano.

— Ah, sim! Você deve ser nova. Entre!

IDENTIDADE ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora