Capítulo 76

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Os olhos de Sebastiãn estavam concentrados na minha mãe. Lentamente, passo a passo, foi se aproximando da maca dela com a faca na altura de seu rosto. Meu pai, sem saber o que fazer naquele momento e querendo proteger sua esposa, correu com sua dificuldade até a bandeja do café da manhã, que estava na mesinha, vazia.

- Pai, NÃO! - Não podia me ouvir, mas mesmo assim fui até ele tentando impedi-lo. Mas minhas mãos atravessaram seu corpo. - Não... - Falei, já sabendo o que aconteceria.

Meu pai se aproximou dele e de lado, bateu com sua força na cabeça de Sebastiãn. Por um momento, ficou invisível por perder o controle por conta da pancada.

- Vamos, mulher! - A pegou pelo braço e foram até a porta.

Mas Sebastiãn já nervoso, foi até eles e tirou meus pais de perto da porta os jogando pra trás. Estiveram tão perto de abrir e fugir! Minha mãe rastejou de costas até a parede. Meu pai derrubado no chão, vê Sebastiãn se apressando ao ir em direção da minha mãe. Por isso, levanta e o agarra pelo pescoço, com os dois caindo na maca. Mas Sebastiãn cansou de focar na mulher primeiro. Deu uma cotovelada na barriga do meu pai e com muito desejo, atravessou a faca na barriga do meu pai. O sangue saiu descontroladamente, parecendo que não iria parar. Fiquei sem chão ao ver essa cena. Respirei pela boca e fechei os olhos balançando a cabeça em negação. Minha mãe gritou de dor, de ódio. Viu o marido ser morto na sua frente e não pôde fazer algo útil.

- O QUE VOCÊ QUER DE NÓS? POR QUE MATOU MEU MARIDO? - Falou o mais alto que conseguiu. - Por quê? Por quê?!

Sebastiãn não respondeu, mas foi dessa vez em direção a ela. A pegou pelo braço e jogou na maca.

Os gritos da minha mãe foram o suficiente para finalmente, mas muito tarde para alguém aparecer. Uma voz feminina perguntava se estava tudo bem tentando abrir a porta. Foi aí que Sebastiãn olhou para a porta e ficou invisível.

- Senhora Jokley, o que está havendo?! - Pude sentir o desespero tomando conta da sua voz. - Senhora Jokley?!

Agora, apenas uma faca no alto, flutuando prestes a matá-la.

- Por favor, eu faço o que você quiser! Por favor, não! NÃO ME MATE! - Implorou por misericórdia.

E foi nesse exato momento que a testemunha viu. A faca flutuando e gritos de desespero. Vi o tal homem espiar todo arrepiado e cauteloso, vendo a faca esfaquear várias e várias vezes minha mãe. Depois, ele se encolheu na cortina e respirou fundo esperando não ser o próximo. Foi para baixo da cama com medo, sendo seu único esconderijo.

- Sabe... Vocês só morreram antes. Mas em breve, muitos de Chicago morrerão.

E já sem forças, ela diz:

- Até minha filha? - Sua voz saiu rouca e com as palavras quase cortadas.

- Se ela fizer o que meu chefe quiser, nada de ruim acontecerá.

Era como uma voz do além respondendo-a já que estava no modo invisível. Mas mesmo assim, foi a palavra final de Sebastiãn.

As luzes entre meus olhos começaram a piscar e voltei a realidade, já saindo daquele negócio.

IDENTIDADE ZEROWhere stories live. Discover now