Capítulo 14

31 1 0
                                    

Alguém me levou para algum lugar. Continuava com os olhos tapados, mas os braços e pernas livres. Só não fiz a besteira de tentar lutar, porque ouvi o barulho de mais de um passo. Além do meu e do vilão.

Alguns minutos caminhando, e me colocaram em uma cadeira, talvez? Me sentei em algum local. Prenderam meus braços e minhas pernas. Continuava com os olhos tapados, provavelmente para não me teletransportar. E talvez porque não tinham Saizol.

Abri um sorriso torto e desafiador:

— Está sorrindo assim por quê?

— Primeiramente, quem é você? - indaguei.

— Não poderá ver quem sou, mas poderá me ouvir. Sou Lucas Feuerschütte, e você não devia ter vindo atrás de mim.

— Você atormenta essa cidade, e agora terá de pagar!

*Risos*

A partir dali, ele começou a me interrogar. Toda vez que não respondia, me agrediam. Mas não era um soco, ou um tapa, que me faria abrir a boca.

— Não vão ficar só me batendo. Podem adiantar o final logo?

— Você não terá um final, por enquanto. Só vou fazer o que fiz com eles...

Fiquei tranquila apesar do risco. Só esperaria por reforço da área, ou a prevenção logo.

Ele deixou a sala. Parecia estar sozinha, sem ninguém ao meu lado. Até que o bom acontece, sou chamada no comunicador:

— Only, você está aí?

— Por pouco tempo! Fale logo uma prevenção.

— Não tem prevenção fácil. Somente existe um capacete contra controlar mentes, mas está em um Museu. Only, você terá que enfrentar as más memórias. - Desligou.

Fiquei me perguntando, não entendi bem. Mas talvez sim. Apenas talvez!

Ouvi um barulho, parecia ser o vilão voltando. Vamos lá! Você já enfrentou coisas piores, não se deixe vencer.

Colocou as mãos em minha cabeça. Em segundos, ouvi apenas sua risada maligna, e desde então, minha audição falhou e fiquei muda.

Estava em local com muita neblina, ou fumaça. Não enxergava nada, nem ouvia. Fiquei um tempo caminhando, até ouvir um barulho que me deixou com angústia. Parecia alguma criança chorando.

— Por que chora, garotinha? - A encontrei. Não me aproximei, nem sabia o que era. — Se você for uma garota...

De repente, vejo a sombra de duas pessoas adultas vindo a direção da garota. Ela parecera não me ouvir, e eu não conseguia toca-la. Minhas mãos atravessavam a garota como se eu tivesse morrido, ou virado um recém-espírito.

As duas pessoas foram se aproximando, mais e mais, ficando poucos centímetros de distância com aquela luz forte vindo do fundo, consigo identificar que eram. Eram meus pais!

Fiquei chocada, abrindo a boca no máximo. E em um piscar de olhos, aquela garotinha estava no gramado do jardim da casa dos meus pais.

Parecera tão óbvio, mas demorei para processar as informações que Lucas, o controlator, me fizera relembrar.

Essa garotinha, era eu. E cheguei a uma conclusão explícita, depois de ouvir meus pais me chamarem:

— Dayana, minha pequena teleposter, o que foi? - Dissera meu pai, preocupado e parecendo já saber o que havia me feito chorar.

— Você sabe, papai. Eu quero entrar na escolinha, fazer amigos pra ter com quem brincar. Já que o senhor e a mamãe, ficam ocupados no laboratório.

Ah, agora me recordava. Queria tanto entrar em uma escola, fazer amizades. Mas meus pais sabiam o perigo, então sempre me negaram. Mesmo assim, fazia de tudo para receber "sim" um dia. Mas enquanto não sabia controlar 100% meus poderes, era "não".

IDENTIDADE ZEROWhere stories live. Discover now