Capítulo 47

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Chegamos. Entrei ainda com cara de choro e lágrimas. E isso, trouxe olhares até mim.

- Dayana, o que aconteceu? - Perguntou alguns funcionários juntos.

- Infelizmente, algum vilão matou os senhores Jokley. - Informou, Garry.

Corri até meu quarto, ignorando todos. Pulei na cama e agarrei meu travesseiro. Chorei tentando aliviar.

*TOC TOC*

- Only, posso entrar?

Não o respondi, mas mesmo assim ele entrou.

- Eu lamento de coração, Only! - Passou as mãos em meu cabelo. - Vamos procurar justiça, não desista agora!

Me sentei na cama e o encarei. Passei a mão nos olhos para sumirem as lágrimas. Me segurei para não chorar mais.

- Ruan, eu não quero mais ser a Only.

- Mas você não quer vingança? Não quer justiça?! - Se levantou. - Você não pode desistir de tudo assim, Only! Eu sei que isso dói, mas você é uma heroína, agradeça por não perder todos que ama como muitos! Não desista!

Não falei nada, queria pensar no que ele disse. Eu estava dividida. Mas de qualquer forma, por eles, por eles, eu me levantei e fui junto com Ruan para a sala central.

- Atenção todos! - Comunicou, Ruan. - Vamos atrás do vilão que matou os pais da Only. Quero total esforço para encontrar rastos de ataques, estranhos, sem ver alguém os realizando. Quero todos atrás desse homem-invisível! Sei que não sou eu que pode ter essa liberdade de ordenar por aqui, mas façam isso pela Only!

Todos levantaram suas mãos e deram um grito, como se fosse de guerra. Depois, se dividiram, indo uns para os computadores e outros indo se comunicar com a polícia para saber sobre o assassinato. Também fui para os computadores. As vezes vendo o pessoal mexer, e outras, procurando informações que talvez me ajudasse.

***

Voltei para meu quarto. Estava escurecendo, mas queria treinar antes de dormir. Antes de trocar de roupa, colocando uma mais adequada para um treino, queria perguntar uma coisa para o Garry. Sem comunicador. Então se enrolação, fiz um rabo de cavalo no meu cabelo, vesti a roupa, fui até a cozinha e peguei uma garrafa d'água gelada.

Fui até o quarto do Garry.

*TOC TOC*

- Quem é?

- Dayana.

Abriu a porta. Pedi licença e entrei.

- Garry, você pode treinar comigo?

- Mas é claro. Aguarde, só vou por uma roupa melhor.

Sentei na cama. Ele foi para o banheiro, tendo mais privacidade. Olhei ao redor, vendo o quão bonito aquele quarto era. Levantei, toquei em alguns quadros e retratos com uma criança. Certeza que era o filho dele. Vi suas medalhas de ouro e bronze, seu certificado e suas luvas de boxe. Espere, luvas de boxe? Tive uma ideia.

- Garry, essas luvas de boxe são suas?

- Sim, por quê?

- Posso usá-las para treinar hoje? Prometo devolver.

- Mas você não quer treinar músculos e golpes hoje?

- Quero treinar tudo que possível hoje.

- Cê que manda.

Saiu do banheiro sem camisa, com uma bermuda cinza e com uma regata preta em cima do ombro.

- Não seria melhor vestir sua camisa? Está frio lá fora.

- Ah... - Falou sem graça, passando a mão atrás da cabeça. - Desculpa.

- Não, tudo bem.

Peguei as luvas e as vesti. Fomos até o local de treinamento e nos posicionamos. Bebi um pouco d'água e começamos com flexões.

- Olha - *COF COF* - desculpa, mas quero ir logo para os golpes.

- Ficar com um corpo bem estruturado e forte, é essencial para golpes.

Apenas concordei e continuei. Logo após, veio as abdominais e a tal "bicicleta".

- Quer dar um tempo?

- Não! - Respondi. - Vamos começar com o boxe.

- Então vem. Vem que você não é de nada!

Aquela provocação pra eu ir pra cima dele, funcionou. O encarei nervosa, mesmo sabendo que era brincadeira, fui com tudo nos socos. Ele com os dois braços, protegia o rosto, não dando socos de volta. Eu era a única que batia, como se Garry fosse um saco de bater. Estava aliviando a raiva, pelo menos. Tava tão gostoso bater nele. Até que eu aumentava mais e mais a força dos golpes, esquecendo que meu amigo que estava ali atrás dos braços dele.

- Dayana, calma!

Continuei socando.

- DAYANA!

Parei de soca-lo e andei para trás. Sequei o suor do rosto com o braço e bebi mais água.

- Desculpa.

- Tudo bem.

E foi assim até meia-noite, esgotando as energias através de golpes de boxe, judô e artes marciais. Sentia que estava preparada para encontrar aquele vilão. Mas sabia que, afinal desse treino todo, não iria soca-lo até morrer. Me derreteria, pensando que aquilo não era eu. Mas ele mereceria. Matou duas pessoas que completavam meu coração, e eu, me vingaria matando ou machucando uma.

- Boa noite. E obrigada, muita obrigada por treinar comigo.

- De nada. - Bocejou - boa noite! - Me beijou na bochecha e foi para seu quarto.

Também fui para meu quarto. Tomei um banho e coloquei uma camisola. Deitei na cama e peguei um retrato que estava na minha gaveta, desde o dia que coloquei meus pés aqui.

- Eu sinto saudades de vocês. - Comecei a chorar. - E o pior, não pude dizer pra vocês o quanto os amava no dia que fui viajar. - Abracei a foto.

Fechei os olhos, pensando em bons momentos que passei com eles antes de dormir. Me encolhi e me cobri. Dormi com o retrato do lado, pretendendo ter uma noite ótima, com meus pais me protegendo dos "monstros", igual quando pequena.

- Boa noite pra vocês. Amanhã, tudo vai se resolver, prometo mãe, pai.

IDENTIDADE ZEROWhere stories live. Discover now