XXXIX

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Mísera folha.

Você é a minha última folha de caderno, entende? Eu escrevi demais, escritos sem sentido, desenhei as linhas do teu corpo sem qualquer semelhança, mas tudo bem. Não quero que ninguém te leia além de mim, não quero que saibam que você tem fobia a lagartixas na mesma proporção que tem medo de si. Não quero que descubram que você é minha porta de saída pra um paraíso, aquelas quatro paredes que a gente chama de céu tem muitas histórias. O famoso vale -quase- tudo. Vale gritar, gemer, gozar, apertar, chupar... Só não vale mentir. Não valia. Contudo, você mentiu, não tinha necessidade, querido. Agora, assim como minhas últimas míseras folhas de caderno foram arrancadas sem dó, você será arrancado daqui, com dor. Não sei se você ou em mim.

Transbordo, logo escrevo.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora