CLXI

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Escrevo porque preciso de mim.

Escrevo porque preciso de mim.

Porque transbordo além do que falo.

Porque sinto além do demonstro.

Escrevo porque meu corpo clama algo mais que essa chama.

A alma pede combustível pro sorriso que se repete.

Todos os dias.

Sinto o que digo, mas não sinto o que falam.

Queimo e ardo, mas não dói.

Não dói porque é fogo de quem deseja mais que um copo de cerveja.

Fogo de quem almeja além do que a porta do limite alerta.

Não tenho porta, nem limite.

Sempre em frente, não tenho nada a perder, não é, Renato?

Escrevo porque respeito meus atos e adoro mudar os fatos.

Brincar de poeta, brincar de profeta.

E se eu tivesse ficado?

E se eu tivesse ido?

Escrevo porque sinto necessidade de ser abrigo.

Abrigo pra quem voa por aí

mesmo com as asas feridas

e um coração não mais intacto.

Escrevo pra mostrar pra mim, que posso ser mais do que pensava ser fim.

Mostrar que tem gente por aí, que talvez precise de mim.

Escrevo porque choro em silêncio e me calo quando grito.

Escrevo porque insisto e repito:

Escrevo porque preciso de mim.

Transbordo, logo escrevo.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora