CXXXIII

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Quero ser teu eterno colapso.

Eu tô com saudade, amor. Quero teu corpo tocando cada centímetro do meu mais uma vez. Quero bagunçar a cama até cairmos exaustos nos devaneios do amor. Seria insanidade dizer que quero que essa queda nunca termine? Quero ser teu eterno colapso. Quero sentir tua voz próximo ao meu pescoço, iniciando o caminho do que chamam de perdição e eu chamo, contra a Biologia, eu sei, de amor. De entrega. A nossa intensidade me faz duvidar de todo o resto. Não é possível que você saiba sempre como me tocar. Com as palavras, mãos ou boca. Quero delirar de prazer ao te sentir. Sentir do nosso jeito. Sentir como se não estivéssemos programados e tampouco imaginávamos o momento. Tudo é mais intenso e único quando se trata de improviso. Qual será a nossa atuação da vez? Não me faça cócegas, por favor, hoje eu não quero comédia. Eu quero amor. Eu quero você, amor. Quero te fazer duvidar de quão audível é fora do meu quarto. Quero gritar e pedir mais, apesar de saber que nunca serei saciada. Nunca estarei satisfeita com a quantidade que tenho de você. E sim, eu sei que a gente transborda junto. Quero saber que tuas insônias agora tem nome, embora você jure que dizia o meu com o um tom amargo. Quero ser renascida por você, a cada sensação. A cada beijo com gosto de mais. A cada toque com cheiro de desejo. A cada sussurro com arrepio. A cada gemido com ar de alívio. Ar de corpos sendo chocados, com pressa pra não acabar. Quero teu cabelo sendo bagunçado pelas minhas unhas que você chama de garras. Quero tua língua marcando por fora o que já tá marcado aqui dentro. Quero você me perguntando com um sorriso, como entender meus sinais, enquanto toca os que pode ver. Quero teu silêncio sendo refúgio do meu. Quero gemer teu nome como se não existisse nada mais doce. Quero exalar teu perfume que fica na minha roupa por aí. Quero quase rasgar minha colcha outra vez. Quero você do meu lado me pedindo água,ao mesmo tempo que não me deixa sair de perto. Quero sentir tuas batidas descompassadas e pensar que o motivo sou eu. Quero ouvir teu pedido de "não vai ainda, fica comigo", com duplo sentido nas duas últimas palavras. Quero ser tua hoje, porque sei que já sou minha.

Transbordo, logo escrevo.Where stories live. Discover now