CXXXVI

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Diferente do gelo, ela me aquece.

Tudo começou no bar da esquina, que eu odeio frequentar, exceto quando sabia que você estaria lá. Com a boca perfeitamente desenhada em um tom de azul turquesa, excêntrica como sempre, que me excitava tanto quando sua mão acariciando minha pele descoberta pelo short jeans rasgado, subindo por minhas coxas, debaixo da mesa, de forma calma e precisa, tão diferente de nós, incertas como a hora da morte. Se bem que ela me faz renascer, como uma flor depois do forte inverno. Ela está sentada, ao meu lado, com o olhar de fera esfomeada e o drink mais forte que todas as bebidas que já tomei na vida, seus dedos tem mais anéis do que eu possa contar e o toque me faz duvidar de que eu consiga me segurar. Na verdade, segurança é algo que eu nunca tenho ao teu lado. Quanto tempo você vai ficar? Que horas vai ?
— Pare com isso, tem pessoas passando.- digo como se tivesse sido minhas primeiras palavras em anos, o som da minha voz não é reconhecido por mim, um sussurro preso, eu diria.
Você me responde com o sorriso perverso de mulher decidida, que sabe o que fazer e não tem medo de como fará.
— Quer deixar as pessoas passarem ou quer que o nosso momento passe?
Tais palavras ecoariam em minha mente por semanas, mas ali não era lugar. Qual seria o lugar ideal para soltar duas feras prontas pra matança? Matar o desejo de uma dança, um beijo, a melhor transa.
Suas mãos voltaram ao ataque, mais vorazes, depois que eu não consegui respondê-la. Senti seus dedos ágeis demais abrirem meu zíper, sem cuidado, aumentando o meu tesão. Meu suspiro saiu alto, quando sua mão suave acariciou meu abdômen, com o auxílio de unhas perfeitamente cortadas. De repente, ela parou o que fazia e tirou o gelo do drink de de um jeito mais sexy do que eu previra.
— Vai tomar puro?- questionei hesitante, sem perceber que prendi a respiração quando seus lábios se aproximaram da minha orelha.
— É melhor assim.- ela respondeu com um sorriso, voltando a me encarar. E, só quando a pedra gelada encontrou o meu corpo exposto segundos antes por ela, entendi o duplo sentido. Segurei com uma mordida nos lábios o gemido ao sentir o gelo tocar minha pele.
Diferente do gelo, ela me aquece.

Transbordo, logo escrevo.Where stories live. Discover now