Transbordo, logo escrevo.

CXC

Estar, ser
Entre cafés e uma tarde de domingo
entre risos e jogos de mesa
entre olhares e o que sinto
o que sentimos
estávamos lá
presentes e inertes
em uma realidade particular
um mundo colorido por nós
de cores que nunca havíamos visto
mas tinham luz de amor
entre toques e discussões
entre desejos e canções
éramos nós dois
fazendo a existência mútua ser sentida
ao extremo,
ao máximo,
ao depois
nós nunca coubemos nisso
estávamos em um nível mais acima
mais nosso
indescritível, porém palpável
inteiramente nosso
éramos a coisa em si
que tentam explicar
éramos ganho
ao perder
ao perder o medo
ao perder a insegurança
ao perder o que limitava
somos um pouco mais
um pouco mais de amor
um pouco mais de paz
um pouco mais de luz
um pouco mais de nós
nossa presença é intrínseca ao amor
ao dispor, ao belo
ao intocável
nosso nós da nó
mas não tão apertado
quanto o abraço
que queremos morar
o laço, que não soltará
nosso nós é nó
mas não aperta
porque somos livres
pra estar amarrados
e entre palavras e poesias ruins
eu continuo tentando descrever
o nosso nó
numa tarde de domingo
enquanto com minha mãe
você joga um bingo
e ao longe eu peço baixinho
que quando o jogo acabar
você me ensine as regras
e que quando as regras acabarem
você me ensine como jogar
e quando o jogo acabar
você venha me lembrar
sobre amar
sobre nós