Transbordo, logo escrevo.

CII

Sobre a saudade

Sentir saudade é ter lar no abraço de alguém
É ter um só cheiro debaixo do nariz o tempo inteiro
É respirar fundo só de imaginar
É fechar os olhos e lembrar
Ter saudade é –nem sempre– ter uma dor que conforta
É chorar ao ouvir uma música
Sorrir ao ver uma cena
Fazer do sentimento um poema e
Sentir de forma extrema
A sinceridade plena
Ter saudade é a loucura da mente sã
Café sem açúcar de manhã
É saber que tem alguém que mexeu com a gente como ninguém
É lamentar a demora do tempo
É desejar dormir ao relento
É saber que em algum lugar, tem um pedaço nosso
É ter sono e dormir as 3
Quando precisa-se acordar às 6
Saudade é querer burlar o tempo
1 dia podia ser uma hora
É querer momento
Contando que fosse agora
Sem demora
É escrever sem ter o que dizer
É querer convencer o coração
Que o amor nunca é em vão
É fortalecer-se de memórias
é histórias
É beber pra esquecer
Porque sabe que vai lembrar
Saudade é mal, ou não, de amar.
Saudade é dor que não tem remédio
E, quando tem, a contraindicação é não querer quem a gente quer por perto
Ou seja, de nada adianta.
Saudade é ir pra piscina do clube sem peça de banho
É pastor sem rebanho
É perceber que o que teve fim no real, virou imortal
É a distância de quem tá perto
Sem meio termo
Sem conserto
Saudade é sentir laço
Muito além do abraço
Saudade é querer reviver
É querer o que passou
É sentir quem não ficou
É sorrir do nada
Por tudo
É chorar sem calma
Por tudo
Saudade é a intensidade do amor
Raíz que cresceu e o corte suportou
É prova do mundo do que é profundo
É a sensação de que o coração não mais nos pertence e o novo dono o despejou
É dor de quem já amou
Saudade é falta do que me matou (de amor)
Saudade é gente que já foi, mas ficou.