CLXVIII

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Eu estou despida.

Completamente nua

é assim que me sinto

quando você tá perto

e eu não falo dos teus dedos,

que vagam pelo meu corpo inquieto

Eu falo do jeito que te conto minha vida

como se fosse uma história de filme

ou o livro que será estudado no semestre

eu falo de como te conto meus medos

do mais infames aos maiores

como te conto que tenho medo do escuro

e de permanecer no sentimento obscuro

de nunca me sentir apta

para fazer algo mais que aquela macarronada que você tanto ama

eu me sinto nua porque minha chama te clama

minha alma pede o encontro com a tua

é meu corpo não obedece às ordens

que eu já nem quero impor

Eu estou despida.

Você conseguiu chegar e passou pela minha barreira

como por entre os dedos passa a areia

solto

leve

livre

eu me permito sentir com você

e não sei se isso é bom

se pode acontecer

por que preciso de ti pra saber de mim?

por que quero te contar que odeio química

mas admito quem resolve aquelas equações

como admito a lua que brilha e ilumina teu rosto?

Você me despiu e nem sequer tocou em minha roupas

não me sinto louca

nem pouca

sinto como se fosse necessário que me tirasse de mim

pra enfim

me tocar

Não com os dedos.

Mas com os medos

Saber o que quero, o que detesto

e o que amo

Ter certezas maiores do que saber que sempre vou sentir demais.

Ter incertezas menores do que achar que o que temos, o tempo desfaz

É, eu estou nua sim.

Mas não é na tua cama, nem no sofá

ou em qualquer outro lugar que possamos transar

eu estou nua de alma

e te agradeço,

por me ajudar a me vestir

por mim.

Transbordo, logo escrevo.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora