Transbordo, logo escrevo.

CXXI

Diga!

Diga que me ama!
Não consigo te ouvir
Meu corpo te chama
Minha alma te clama
Diga, diga que me ama!
Toque-me com cautela
Sim, eu sei que não sou ela.
Diga que me ama!
Me faça tua Dama
Não só na cama.
Beije-me de forma voraz
Nada nos satisfaz.
Não só essa noite.
Me pega no colo.
Deixe-me fazer um solo.
Diga que me ama!
A música tá alta.
Não consigo te ouvir.
Diga que me ama!
Por favor.
Me faz tua antes de me deixar nua.
Fode com força mas seja minha fortaleza quando isso acabar.
Venha me amar.
Vamos dançar.
Tão juntos quanto estamos ao dividir esse colchão.
Tão íntimos quanto o que acontece quando gememos e nossos corpos se conhecem.
Sabemos a rota de cor.
Tão infinitos dentro de um pequeno grão.
O nosso grão.
Aprendi a linguagem do amor.
Não me fale não.
Diga que me ama!
Puxa meu cabelo, me prende em seus dedos.
Mas
Diga que me ama!
Prove que não sou só teu fim de semana.
Eu quero acreditar que você não quer só meu corpo.
Seja meu lobo.
Por favor.
Diga que me ama!
Ao menos uma vez.
Permita-me ser tua insensatez.
Diga que me ama!
Mas
Geme baixo,
mamãe tá no quarto ao lado.
Deixa o suor pingar.
Teu corpo gritar
O meu exaltar
Mas, por favor.
Diga que vai me amar.
Fala que não tá se vestindo com pressa porque o domingo já acabou.
Diga que sim, eu sou teu amor.
Diga.
Diga que me ama, caramba!
Não
Eu sei que não
Eu já esperava por isso
da mesma forma que
um suicida espera a
queda em um precipício
Você era a minha queda constante.
Buraco sem fim.
Saia daqui!
Não entrarás mais por essa porta.
E
Nem em mim.