CXXVI

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Desculpe, meu amigo garçom.

Nos bares da vida,
sempre peço a maldita
e tão querida
dose de tequila
mas
O garçom não me avisou
eles aprenderam como me fazer consumir mais
e dentro da garrafa tinham lembranças
Aquelas que não vem acompanhadas de esperança
pedi que trocassem
mas
Você continuou ali
Tão frio quanto o tempo lá fora
Tão quente como o que bebo agora
Sem gelo, puro
Pra lembrar do meu desejo impuro
De te ter pra sempre, sendo a gente
Não demorou para que as 5 doses em sequência
Transformasse todos os rostos
que estavam ali
em teu rosto
mas
Um dos caras que beijei não tinha teu gosto
Tampouco teu jeito de me pegar
sem me tocar
Me fazendo suspirar, desejar
e
Te odiar
O garçom retornou a minha mesa
Disse que eu estava embriagada
Precisava parar
Pensei em dizer
que
eu estava embriagada antes da primeira dose.
resultado da tua hipnose
Não discuti e fechei os olhos
ergui o dedo, paguei a conta
Sem me dar conta
que as doses te faziam mais presentes em mim
era o desejo sem fim
De te ter aqui
te ter de volta
sem demora e
sem prazo de validade
sem tuas desculpas mal pensadas
sem tuas vindas com pressa de ir
sem teu olá com gosto de despedida
Sem pensar na tua partida.
Só te ter.
Pra ser nó,
ser a gente.
Ser um só.
Desculpe meu amigo garçom,
acho que bebi demais.
mas
não sei se falo da tequila.

Transbordo, logo escrevo.Where stories live. Discover now