CXIV

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Carta para um grande mentiroso.

Pra quem odeia mentiras, você é um ótimo mentiroso. Tudo bem, não precisa jogar a culpa em mim pelo teu erro. Admita, assuma, reconheça. Você não adorar se gabar que é foda? Seja foda pra aceitar a tua covardia em usar o medo como péssimo disfarce. Eu te elogiava tanto, eu realmente acreditava que era imune. Que o nosso mundo tinha uma barreira impenetrável. Eu sempre fui transparente e você escuridão, mas eu estava tão cega pela imagem que eu insistia em criar, em cobrir. Cobri, mas não quero encobri. Não quero ser cúmplice fiel da tua mentira, omitir causa o mesmo efeito que mentir. E eu, que tanto te amava, agora acho que te odeio. Mas, assim como Renato, acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto. E eu não gosto de te ter longe, mas a minha mãe acabou de me dizer que querer não é poder. Eu tô decepcionada. Recebi uma surra no octódromo da vida, mas sem aviso prévio ou conhecimento de oponente. Foi você, do nada. Causando tudo. Tudo o que eu não esperava e repudiava. Você era meu sonho até ontem, agora é meu pior pesadelo. Aquele que a gente nunca quer ter de novo. Eu queria não te odiar, mas já te odeio. Eu queria ficar perto, mas a distância me convém. Eu queria continuar te amando da mesma maneira, mas o amor não dói e não causa choro até os olhos quase fecharem, mesmo estando muito abertos. Eu queria que você não tivesse feito a merda que tanto julgava e odiava um ano atrás. Você se transformou no que julgou, essa lição eu já aprendi. E, eu te garanto, só aprendo a lição uma vez. Seja bem-vindo ao meu adeus, a despedida de quem continuará aqui, recebendo tuas ligações durante as festas e tuas lágrimas molhando meu ombro. A despedida de quem vai continuar te amando, porque me ensinaram que a gente dar o que tem. E, infelizmente ou felizmente, eu transbordo amor. Então, seja bem-vindo ao teu pesadelo. Ser amado por quem você tanto magoou.

Transbordo, logo escrevo.Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz