Capítulo 42 - Parte III: Mamãe de Anjo

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A todo momento carros saiam e chegavam. Não vi Marcos durante aquela infindáveis horas que demoraram a passar. Também não havia visto mais Benny. Eu estava preocupada com o seu paradeiro. Eu não estava autorizada a circular livremente dentro daquele condomínio, mas não ficaria de braços cruzados esperando notícias dele. Rondei pelas imediações da casa de Eros e pude observá-lo, de longe, sentado na varanda tomando uma bebida com Ísis. Eles sorriam e brindavam. Benny não estava entre eles, mas não foi difícil encontra-lo. Ele estava em uma casa inacabada. Ele dormia sentado em uma cadeira. Seus pulsos estavam amarrados atrás do corpo. Seu rosto estava machucado e um de seus olhos estava começando a ficar roxo. Corri em sua direção e me ajoelhei aos seus pés. Chacoalhei seus ombros de leve, a fim de acorda-lo. Ele se assustou ao me ver.

– Como entrou aqui? – ele tossiu, sua garganta estava seca – Você precisa sair daqui antes que o Eros ou os capangas dele voltem.

– O que aconteceu? – perguntei e tentei soltá-lo das algemas, mas não consegui.

– Fui pego tentando resgatar a Stella e os outros.

– Por que o Eros fez isso com você?

– Ele não precisa de motivos para fazer as coisas que faz...

Levantei de supetão. Eu precisava salva-lo. Corri até o outro cômodo e procurei por qualquer coisa que pudesse libertar Benny, mas não havia nada ali. Saí da casa e olhei em volta. Havia outra casa em construção não muito distante. Provavelmente deveria ter alguma ferramenta na obra. Entrei na casa, vasculhei tudo e achei uma chave de fenda. Aquilo serviria. Entrei novamente no quarto em que Benny estava e me surpreendi com um dos guardas parado próximo a ele. Congelei por um segundo e nesse instante o guarda avançou contra mim e me segurou pelos cabelos. O esbofeteei e ele me jogou do outro lado do cômodo. Benny gritava algo, mas eu não conseguia prestar atenção. Eu estava tentando me levantar quando o cara chutou minha barriga e novamente fui ao chão. Tossi, sem ar, e senti uma dor muito forte no baixo ventre e nas costas. Eu precisava ser forte e ajudar Benny. Reuni todo o resto de força que eu ainda tinha e levantei. Daquele momento em diante tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta: eu pulando sobre o homem, cravando a chave de fenda em seu pescoço, ele indo ao chão, a vida se esvaindo de seus olhos. Olhei, atônita, para as minhas mãos e só conseguia ver o vermelho escarlate do sangue daquele homem caído aos meus pés.

Eu havia acabado de matar uma pessoa?

– Melina. – Benny me chamou algumas vezes até me despertar do meu torpor. – A chave de fenda, pegue.

Eu teria que retira-la do pescoço do morto e entrega-la a ele. E foi o que fiz. Ao tirar a ferramenta, o homem deu um espasmo. Aquilo me assustou. Fiquei atrás de Benny, mas não conseguia abrir as algemas usando a chave de fenda. Eu estava tremendo e todo aquele sangue melando minhas mãos não ajudava.

– Limpe as mãos na roupa. – ele disse calmamente.

Fiz como ordenado e consegui soltar um de seus pulsos. Ele se levantou e me abraçou. Só percebi que comecei a chorar quando as lágrimas embaçaram meus olhos e eu não conseguia enxergar nada com clareza.

– Você fez o que foi necessário. Era você ou ele. – ele disse. – Precisamos sair daqui antes que outro guarda apareça.

Dito isso, Benny retirou uma pistola do quadril do morto e verificou a munição. A arma estava carregada.

Entramos em uma das muitas casas abandonadas para recuperar o fôlego. Benny estava muito machucado e havia se cansado de correr poucos metros até ali.

– Ela me contou tudo. – ele começou dizendo.

– Ela quem e o que ela te contou? – quis saber.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosWhere stories live. Discover now