Capítulo 16: Pregos x Pneus | Parte 3

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Oito horas antes...


– Isso 'tá' muito estranho. – Eu disse. Olhando em direção à escola. – Não vimos nenhum deles ainda, mas eu sinto que estão por perto. Será que estou ficando louca?

– Não. São os seus sentidos que estão te alertando do perigo. Isso é bom. Te mantem preparada para o que quer que tenha nesse buraco do inferno. – Águia respondeu.

Meu irmão pegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. Olhei em seus olhos e tentei sorrir, mas eu estava tão apreensiva com aquele lugar que a única coisa que consegui fazer foi uma careta.

– Deveríamos voltar 'pro' ônibus e dar o fora daqui o mais rápido possível... – Ricardo resmungou.

– Está quase anoitecendo, quer mesmo que continuemos rodando com o ônibus por uma estrada perigosa e cheia de armadilhas como essa? – Águia perguntou, mas foi retoricamente.

Ricardo abriu a boca para contestar – como ele sempre fazia –, mas ouvimos barulho de galhos se partindo, indicando que alguém havia pisado em um. Olhamos todos ao mesmo tempo para a fonte daquele som. Taticamente nos agrupamos e aguardamos sair o que quer fosse que estivesse na mata ao nosso redor. Segurei minha faca em modo de defesa e vi Águia engatilhar sua arma. Ele gesticulou para que fizéssemos silêncio. Como não houve nenhuma movimentação continuamos caminhando.

– Aonde pensam que vão com tanta pressa? – Uma voz masculina perguntou.

Um homem aparentando ser pouca coisa mais velho do que eu estava diante do nosso grupo. Fomos cercados por um grupo ainda mais numeroso do que o nosso. Eles saiam, despreocupados, da mata adjacente à rua. Nosso grupo apontou as armas em direção a aquele bando, que era composto por homens, mulheres, jovens e velhos.

– Não sabem que é falta de educação chegar à casa de alguém e apontar uma arma 'pra' cara do anfitrião? – Perguntou o mesmo homem que nos surpreendeu.

O homem riu, sem achar graça, e gesticulou para um grandalhão que estava em nossa retaguarda. Um homem parrudo caminhou nervoso em direção a Lúcio e o golpeou nas pernas, fazendo-o cair de joelhos no chão. Apontou a arma para a cabeça do meu melhor amigo e a engatilhou, pronto para atirar.

– Quem são vocês? E o que querem aqui? – Aquele homem perguntou.

– Só estamos de passagem. – Lúcio respondeu com a voz falha.

– Só de passagem... assim como os outros... Vimos que limparam a entrada da cidade. Aquele era um aviso bem explícito para darem o fora daqui, não acha?

– Não queremos problemas. Como meu amigo disse, só estamos de passagem. – Lobo Selvagem retrucou.

– Coloquem as armas no chão e chutem pra cá. – Um homem negro vociferou. – Não vou pedir de novo.

Obedecemos e como instruídos jogamos nossas armas no chão e as chutamos para longe do nosso alcance. Aqueles estranhos as recolheram e as embainharam nos cós de suas calças.

– Estamos vivendo uma época obscura. Os mortos estão retornando do além, comendo os vivos e toda essa baboseira de apocalipse zumbi que estamos cansados de assistir nos filmes americanos. E não é que era tudo real? Enfim, nossa cidade está intocada, imaculada e para mantê-la assim pedimos aos nossos ''visitantes'' – O homem fez aspas com as mãos para não dizer intrusos. – que paguem, de boa fé, um pedágio. Não exigimos muito, não, só queremos a metade do que vocês têm. É simples, paguem e passem.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora