Capítulo 5: Dentro do Freezer

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Mesmo com somente 21% de bateria naquele celular eu resolvi arriscar e ligar para o meu melhor amigo Lúcio. Talvez ele tivesse notícias do meu irmão, já que eu não havia conseguido falar com ele ainda. Eu digitei o número e no terceiro toque Lúcio atendeu.

– Alô? – Ele sussurrou.

– Lú, sou eu, Melina. Onde você está? – Eu estava feliz em falar com ele.

– Eu estou escondido dentro de um freezer, Mel. Eu vou morrer. Eles vão me achar e vão me comer vivo. – Ele estava apavorado. – Eu fui na sua casa te procurar, mas você não estava mais lá, só achei a sua mãe morta em um dos quartos. Acabei pegando carona com o Afonso, mas nós deu muito certo... Fiquei cercado por aquelas coisas, e por sorte consegui fugir. Corri e me escondi nesse açougue. Mel, me ajuda. Você precisa me tirar daqui, por favor... – Lúcio assoou o nariz e o barulho foi nojento.

– Onde você está? Eu vou aí te resgatar. – Eu estava decidida a ajudá-lo ou morrer tentando.

– Estou em um açougue, na parte baixa da cidade de Sancliffe. A bateria do meu celular está acabando. – Ele fungava. – Eu consigo ouvir o barulho deles. Eles vão me achar, Mel. – Ele chorava copiosamente.

– Qual o nome desse açougue? – Eu precisava de toda informação possível para ajudá-lo.

– Eu não sei. É algo como A Casa da Carne ou A Casa do Boi, sei lá. Não é difícil achá-lo, tem um vaca em cima do prédio.

Aquilo sim era específico. Uma vaca para sinalizar o local.

Criativo.

– Estou a caminho e chego aí assim que possível. Fique seguro e vê se não vai morrer. – Tentei brincar, mas não deu muito certo. Antes que eu pudesse perguntar sobre meu irmão, ouvi um grito tão alto, que tive que afastar o celular da orelha. – Alô, Lúcio? Lúcio, me responde. Lúcio... – Mas não obtive respostas, fiquei com grunhidos e outros sons aleatórios como sonoplastia. 

Meu coração estava em frangalhos. Tive muito medo ao pensar que meu amigo poderia ser devorado pelos ''famintos''. Liguei novamente para Lúcio, mas a ligação não completou. Tentei mais uma vez falar com meu irmão e foi em vão. 

– Eu preciso ir até Sancliffe. - Eu disse a Benny. – Vou resgatar meu amigo Lúcio que está preso em um dos prédios por lá.

– Eu não vou deixar que se arrisque por um cara que, possivelmente, encontraremos morto daqui há dois ou três dias. - Benny respondeu e sua fala era concisa.

– Quem você pensa que é para dizer o que eu posso ou não fazer? Eu sou sua prisioneira agora? – Eu o encarava. – Eu não sei quem você pensa que eu sou, mas eu não vou deixar meu amigo morrer do outro lado do estado, pelo simples motivo de eu preferir ficar segura com um estranho que salvou a minha vida algumas vezes. - Eu já estava começando a perder a paciência.

Após refletir sobre o que eu acabara de falar, Benny esplanou a mão contra o volante. Possivelmente, ele já tinha um plano em mente e eu estava o rabiscando. 

– Missões suicídas são as minhas preferidas. E o que temos a perder, não é mesmo? – Ele cerrou os punhos contra o volante e fez o retorno na rodovia.

Lúcio era um irmão 'pra' mim e eu iria até o fim do mundo pela minha família...

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosWhere stories live. Discover now