Capítulo 32: Toda brincadeira tem um fundo de verdade | Parte 1

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Lobo Selvagem não estava deitado ao meu lado quando acordei na manhã seguinte. Levantei, fiz minha higiene pessoal e escolhi para vestir as roupas mais largas do armário. Não queria ser o centro das atenções de ninguém. Provavelmente os mais curiosos tentariam chutar o meu tempo de gravidez encarando minha diminuta barriga. Desci para o café da manhã assim que meu estômago roncou de fome. Não tive oportunidade de comer nada da ceia, já que ela seria servida após a troca de presentes do amigo oculto, que chegou ao fim antes da hora.

Chegando à cozinha, muitos vasilhames cobertos com papel filme se encontravam em cima das bancadas de aço inoxidável dos armários. Havia comida pronta para até o ano novo. Desembrulhei uma maionese e servi um prato generoso. O mesmo fiz com o arroz com uva passas, farofa com uva passas e o frango. Havia uma salada muito colorida em uma das travessas, mas não caberia em meu prato, pois estava caindo comida pelas beiradas, de tão cheio. Sentei em uma banqueta alta da ilha móvel e comecei a degustar. Estava tudo muito gostoso.

Ricardo entrou no cômodo fechando os olhos contra a vontade. Parecia estar com uma senhora dor de cabeça. Ele me deu um bom dia sem muito interesse e saiu da cozinha levando uma garrafa de água gelada, me deixando novamente sozinha. Algum tempo depois, terminei de ''descer a serra'' comer e fiquei olhando para o nada através da alta janela de vidro em cima da pia. O dia estava ameno, fresco.

Brígida e Lúcio entraram na cozinha sussurrando e se assustaram ao me ver sentada ali.

- Bom dia! - tentei parecer animada.

- Ah, oi, Melina. Bom dia. - Lúcio disse, ele quase nunca me chamava pelo meu nome completo.

- Oi. - Brígida disse sem ânimo e abriu a geladeira, fingindo procurar algo dentro dela.

- Como está? - Lúcio perguntou e me esquadrinhou com os olhos de cima a baixo.

- Bem, considerando como foi meu final de noite.

- Festa sem barraco não é festa. - ele disse.

- Verdade. Não sei por que tanto alarde só por causa da minha gravidez. - tentei entrar no assunto, eu precisava explicar o porquê a escondi deles.

- Talvez seja por que você omitiu isso de todo mundo. - havia remorso na voz da minha melhor amiga.

- Você está certa. Eu deveria ter contado antes, mas não tive coragem.

- Deveria ter confiado em nós, ou pelo menos em mim que passo pela mesma situação, mas vejo que só o seu querido Lobinho é digno da sua confiança, não é? - Brígida bateu com uma caixa de suco na bancada, espalhando o líquido doce por todos os lados.

- Ei, meninas, relaxem. Temos muito hormônio da gravidez espalhado no ar, então se acalmem antes que eu fique grávida também. E gostaria de lembrá-las que não tenho roupa para tal evento. - Lúcio disse.

Brígida e eu nos encaramos por um curto momento e logo rimos do quão cômico Lúcio conseguia ser em situações tensas como aquela.

- Não seja palhaço. Agora me ajude a limpar essa bagunça. - Brígida disse e mostrou a sujeira pela bancada e chão.

Ela saiu apressada em direção à lavanderia.

- Ela também me odeia como o meu irmão? - perguntei a Lúcio.

- O quê? Não. Ninguém odeia você. Ainda mais por estar grávida. A nossa amiga só não soube como reagir quando você soltou a bomba. Você a conhece, ela iria querer ser a primeira a ficar sabendo, mas soube junto com todos nós e de uma forma não muito agradável.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosWhere stories live. Discover now