Capítulo 9: Sobre a epidemia...

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Mais uma vez tentei falar com meu irmão e quando a chamada estava prestes a cair na caixa postal ele atendeu.

- Henri? - Ouvi pessoas conversando alto do outro lado da linha. - Sou eu Melina. - Eu disse.

- Mel? Que bom ouvir sua voz, espero que esteja segura... Eu tive uns contratempos no meio do caminho e passei por uma cidade infestada de comedores de gente, acabei ficando sem carro... - Henri respondeu.

- Como assim contratempo? Você está bem? - Aquilo me preocupou.

- Entramos na cidade de Colleen e fomos cercados. A rodovia principal está cheia deles. Não vamos conseguir passar por ela. - A voz dele era pesarosa, o que me fez ficar com o ''coração na mão''.

- Henri, me diga onde está. Eu vou aí te ajudar...

- Não acho uma boa idéia. Fique onde está e assim que der eu te encontro...

- Não. - Gritei, temendo que eu não fosse mais ver meu irmão. - Se não me disser onde está irei te procurar debaixo de cada pedra nessa cidade até te achar. - Houve um breve silencio entre nós. Henri sabia que eu faria o que havia acabado de dizer e que, se preciso fosse, morreria tentando encontrá-lo.

- Estou em uma igreja no centro da cidade.

- Certo. Estou indo aí...

- Mel?

- Oi.

- Só tenha cuidado... Eu vi o que aquelas coisas são capazes de fazer e não é nada bonito.

- Você também, meu irmão. Chegarei aí o mais rápido que eu puder.

- Estarei te esperando.

Desliguei o telefone e fui ao encontro de Benny para lhe falar que havia descoberto onde meu irmão estava. Se desse tudo certo, aquela seria nossa última incursão de resgate. Benny escutou meu relato sobre a rodovia principal estar lotada de ''famintos'' a solta e abriu um mapa para verificar nossos possíveis itinerários. Águia disse já ter passado por aquelas bandas quando ainda era caminhoneiro, antes do Apocalipse se instalar na Terra. Ele traçara nossa rota e desde já estávamos apreensivos com o que poderíamos encontrar pelo caminho.

Meu ombro me impossibilitava de deitar ou sentar confortavelmente, então resolvi fazer companhia para Lobo Selvagem enquanto ele dirigia, já que todos ainda dormiam. Apesar de sua aparência rustica no momento, ele era um homem apessoado e aquela postura altiva de soldado estava sempre presente consigo, o que não o deixava relaxar.

- Oi. Posso te fazer companhia? - Eu estava apreensiva que ele fosse dizer não, mas ele me olhou por um momento e balançou afirmativamente a cabeça.

- Como está seu ombro? - Ele perguntou, ao gesticular na direção do meu curativo.

- Eu sinto dor em todo o meu corpo. Parece que eu fui atropelada por um trem. - Exagerei.

Depois de um momento calado, Lobo Selvagem começou a rir.

- O que foi? Do que está rindo? - Eu quis saber.

- Você foi salvar uma pessoa que iria te dar uma facada... Essa é uma das últimas formas de morrer hoje em dia. É só uma piada de mau gosto da vida, para nos mostrar como as coisas estão fora do nosso controle, mesmo a gente tomando todo o cuidado do mundo... - Ele divagou.

- Verdade. Eu tomei uma facada, o Mamba perdeu um braço e o Cotia, a vida. Isso tudo é bem engraçado mesmo. - Respondi ironicamente e dei meia volta, caminhando de volta para o meu assento.

- Ei, me desculpe. Eu não quis ofender. O que aconteceu com você não foi engraçado. Longe disso. Foi trágico. Todos nós perdemos pessoas importantes em situações patéticas, como foi o caso ontem. Já havíamos resgatado o seu amigo e estávamos indo embora, quando aconteceu o que aconteceu. Eu sinto muito por você ter passado por aquilo... - Ele pegou em minha mão e a apertou instintivamente.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosKde žijí příběhy. Začni objevovat