Capítulo 26: Parabéns, papai!!!

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As poucas velas que iluminavam o ambiente davam um ar até romântico àquela cena. Benny estava na cozinha e o vi escorrendo macarrão cozido na pia. Ele olhou para mim e sorriu. Secou as mãos no pano de prato pendurado em seu ombro e colocou a panela em cima do fogão. Lembrei-me da primeira vez que ele havia cozinhado para mim, na cidade de Bonto. Aquilo parecia ter acontecido em outra vida. Sentei em um banquinho de madeira próximo a pia e gemi pela dor que senti nas costas.

- Tudo bem aí? - Benny me olhou de soslaio.

- Eu não poderia estar melhor.

- Tenho um presente 'pra' você, mas darei só depois do jantar.

- O que é?

Ele não respondeu, apenas sorriu divertido e voltou a mexer a panela sobre o fogão. Fazia tempo que eu não o via sorrir, ele andava com aquela expressão séria há semanas.

O que será que ele havia trazido 'pra' mim?

Levantei e comecei a vasculhar os armários a procura de pratos e talheres. Ele se virou de repente, me pegando desprevenida e com as mãos ocupadas. Antes que eu pudesse derrubar os recipientes de vidro, ele me segurou pela cintura, me estabilizando no lugar. Nos encaramos de perto por um momento. Seus olhos queimavam de luxúria. Senti sua respiração profunda contra o meu peito. Nossos corpos estavam prensados um contra o outro e nossos lábios a poucos centímetros de distância.

- Ops... - Fausto disse e tentou dar meia volta. - Eu não queria atrapalhar.

- O jantar está pronto. - avisei e desviei de Benny.

Levei os pratos empoeirados até a pia e os lavei, entregando um 'pra' cada. Fausto e eu não havíamos usado-os até então. Sempre comíamos em cubas de porcelana ou em copos.

- Cara, isso tá incrível. Há muito tempo que eu não comia comida de verdade. - Fausto disse de boca cheia.

- Há quanto tempo está aqui? - Benny perguntou a ele.

- Sei lá, acho que já faz umas três semanas, talvez mais. - Fausto deu mais uma garfada em seu macarrão e perguntou de boca cheia. - A Melina comentou que estão em uma casa afastada da cidade... onde estão?

Benny me olhou como se ele tivesse me avisado para ter cuidado e mesmo assim eu tivesse pisado em cocô de cachorro. O encorajei a responder a pergunta.

- Ah, não precisam me dizer. Sem problemas. Só queria puxar assunto. - Fausto abaixou a cabeça sem graça.

- Conhece a antiga estrada Dona Mariana?

- Sim, senhor. Conheço.

- Moramos ao final dela.

Fausto ficou pensativo por um momento e balançou a cabeça confirmando que sabia onde morávamos.

- A casa do senhor Leopoldo. Estava vazia há anos. Vocês... a invadiram? - ele quis saber.

Benny riu de leve.

- Não, meu pai era o dono. Sou filho do prestigiado deputado federal Leopoldo Hamit.

- Achei que você fosse mais velho... - Fausto o observou rapidamente. - Seu pai era uma celebridade por aqui. Todos falavam muito bem dele. Não cheguei a conhece-lo, mas soube que era boa gente.

- Hum. - Benny resmungou e pareceu indiferente ao falar de seu pai morto.

- Só faltou salsicha nesse macarrão. - comentei, mudando de assunto.

- Salsicha? - Benny ficou intrigado.

- Sim. Foi a primeira coisa que você cozinhou 'pra' mim, na cidade de Bonto, lembra?

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora