Capítulo 34: Feliz Ano Novo!

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De volta a casa, um pequeno grupo nos aguardava na escadaria em leque. Comemoraram antes mesmo de sairmos do carro.

– E viva os noivos. Viva – disseram em coro.

Jogaram arroz em nós quando nos aproximamos. Fiquei pensando que aquilo era um tremendo desperdício, mas gostei da tradição ter sido mantida.

– Vocês terão que varrer isso depois. – Marlene advertiu risonha.

Reparei que minha melhor amiga não estava presente. Ela não havia ido à igreja também, o que me deixou profundamente magoada. Era nosso sonho de infância casarmos no mesmo dia, mas não estávamos vivendo tempos normais. Acabou que encontrei alguém para casar e ela não. Achei que ela ficaria feliz por mim.

A música reverberava alta dentro da casa, antes de entrar olhei para as janelas do segundo andar e vi Benny em uma delas nos encarando. Me encarando. Como sempre, sua expressão facial e corporal era indescritível. Um frio percorreu minha espinha e me arrepiei. Alguém me entregou um copo de refrigerante e fomos conduzidos até uma das salas de estar do lado esquerdo da escadaria bifurcada. Stella tirou os sapatos e começou a dançar com Lúcio. A menina se distraiu e parou um pouco de falar em sua gatinha. Ela viera o caminho todo até em casa falando da bichana, que agora tinha nome, Lalá. Meu amigo já estava com um copo nas mãos. Reparei que em toda oportunidade ele se embriagava. Eu não o censuraria naquele momento, mas assim que possível teríamos uma conversa séria sobre sua bebedeira. Amigo que é amigo cuida um do outro.

Havia um banquete servido nas mesas postas naquela sala. O ano novo se aproximava, menos de doze horas comemoraríamos a entrada de mais um ano. O primeiro ano apocalíptico. Meus pensamentos voltaram quatro meses atrás quando o mundo caiu. Foi como uma fita cassete sendo rebobinada. Me senti triste. Lobo Selvagem percebeu minha repentina mudança de humor e apenas me abraçou, acalentando-me. Ele era meu porto seguro agora. Ao seu lado tudo seria melhor. Assim eu esperava.

– Eu te amo. – ele sussurrou em meu ouvido.

Um sorriso despontou em meus lábios e todas as preocupações sumiram naquele instante. Eu precisava comemorar minha festa de casamento e esquecer, por um mísero momento, tudo o que estava acontecendo lá fora – e ali dentro do meu coração. Peguei um pratinho descartável e me servi de alguns salgados. Havia até quibe feito com carne de soja hidratada. Estava uma delícia.

Vi de relance Brígida passar pelo corredor. Aquele seria o momento certo para conversarmos. A segui até uma das salas próximas. Ela não contestou ao me ver entrar atrás dela pela porta.

– Senti sua falta na igreja. – comecei dizendo.

– Desculpe por não ter ido. Eu não sabia se você gostaria de me ver lá. – ela respondeu e sentou em um chaise longue.

– Claro que gostaria. Sempre foi o nosso sonho casar na igreja. Passávamos horas falando disso na infância. Até fizemos um livro com anotações e colagens de tudo o que queríamos que tivesse no nosso grande dia, lembra?

– Não faço idéia de onde foi parar aquele livro.

– Nem eu. – ficamos pensativas.

– Provavelmente sua mãe ou a minha jogou fora. Sabe como elas são com casamentos. Tem pavor da palavra marido. – Brígida esqueceu que minha mãe não estava mais entre nós e falou dela no presente, o que não me chateou, como faria há alguns meses.

– Sim, minha mãe não teve mais ninguém depois do meu pai. Nunca entendi o porquê. Deveria ter encontrado um homem bacana e até ter se casado de novo, mas o que ela fez foi se afundar no trabalho...

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ