Capítulo 8: Galinha que acompanha pato...

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Voltando ao meu assento, vi Benny conversando com Stella. Ela ainda tinha o medo estampado na cara. Me sentei em uma poltrona ao lado da deles, Benny se ajoelhou próximo a mim.

– Pente Fino me falou sobre seu ombro. Como está se sentindo? – Ele segurou minha mão gelada entre as dele.

– Como se eu tivesse sido arrastada na traseira do ônibus pelos ombros, desde a minha cidade até aqui. Mas vou ficar bem. – Eu o tranquilizei. – Como está o meu amigo Lúcio, ele já acordou?

– Ainda não, Mamba Negra o acertou de cheio, se ele não tivesse o acertado, eu o teria feito por machucar você, que é a melhor amiga dele e estava lá para socorrê-lo... – Ele lembrou.

– Não fale assim. Ele estava preso com um exército de mortos-vivos há dias e não me reconheceu no meio deles. Não o culpo por ter me atingido. Eu faria o mesmo no lugar dele. – Eu disse, bocejando.

– Descanse. Você precisa recuperar suas forças. Vamos parar de rodar com o ônibus quando o sol se pôr , será menos perigoso assim. – Ele afagou meu ombro bom e reclinou minha poltrona.

– Cuide da Stella, ela está muito assustada com tudo isso. – Eu disse por último e dei um sorriso para a garotinha do meu outro lado. Benny jogou um cobertor sobre o meu corpo e eu logo adormeci.

Eu acordei com um solavanco do ônibus. Em grande parte, Águia era um ótimo motorista, mas, às vezes, ele passava por um buraco e às vezes, por cima de ordas de mortos-vivos, dependia do seu humor no momento. Eu abri meus olhos aos poucos e vi uma sombra sentada ao meu lado, achei que fosse Benny e sorri, até ouvir a voz.

– Nunca ninguém me deu um sorriso desses depois de ter tomado uma facada minha. – Reconheci a voz, era de Lúcio. Ele estava com um galo enorme no centro da testa. Coloquei minha mão em seu belo rosto e fiz uma careta – Não tem problema. Depois do que fiz com você era o mínimo que alguém podia fazer comigo em troca.

– Eu sinto muito por isso. – Eu disse e ele balançou a cabeça em protesto. – Fico feliz que esteja aqui com a gente agora. Onde estão seus pais? – Eu perguntei e fiz menção de reclinar minha poltrona para que eu ficasse sentada eretamente, mas Lúcio se apressou e a reclinou para mim.

– Eles... – Ele não conseguia falar o que tinha acontecido. – Eles... – Tentou de novo. – Quando eu cheguei na casa deles, eles já tinham se transformado nessas coisas que estão matando as pessoas. A minha família estava toda morta, não encontrei ninguém interamente vivo. Aí eu fui à sua casa e vi o que aconteceu com sua mãe e eu sinto muito... – Ele segurou minhas mãos com as dele. Eu balancei minha cabeça, aceitando as condolências e o acalentando por ter perdidos os pais da mesma maneira que eu. – Eu encontrei o Afonso por lá. Ele disse que estava atrás de você e eu disse que não sabia do seu paradeiro e realmente não sabia, já que combinamos de nos encontrar no seu apartamento. Só achei sua mãe e um cara morto caído no chão da sala. Por falar nisso, quem era ele? – Ele me perguntou.

– Ninguém de quem vale a pena falar agora. Mas o que o Afonso queria comigo? – Aquilo me deixou curiosa. Não nos falávamos há quase um ano.

– Está me perguntando o que um ex-namorado seu queria com você em meio ao apocalipse? Queridinha, se você não sabe, não sou eu quem vai dizer... – Ele sabia ser mau quando queria. Eu coloquei o dedo indicador verticalmente na frente da boca e fiz ''shiii '' baixinho para que ele parasse de falar sobre aquilo, já que Benny estava ao nosso lado, possivelmente ouvindo tudo. Ele meio que entendeu e ergueu as sobrancelhas admirado com a novidade. – Desde quando?

– Não tem muito tempo... – Eu queria mudar de assunto o mais rápido possível. Não queria falar sobre Benny com outra pessoa e ainda por cima na frente dele. – E como você foi parar naquele fim de mundo chamado Sancliffe? – Eu voltei ao assunto que estava em cheque e ele entendeu a deixa.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora