Capítulo 11: Cinzas, Ossos e a Chupeta Azul

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Ariana estava preparando nosso jantar na cozinha da casa do padre. Ela era habilidosa e parecia gostar de cozinhar. Pente Fino estava lhe ajudando, mas não tinha o mesmo entusiasmo de estar naquele ambiente. Elas estavam caladas e pude perceber que Pente Fino havia aberto uma garrafa de vinho e já havia bebido metade dela. Senti vontade de ''encher a cara'' e esquecer toda a loucura que eu havia vivido até o momento, porém, fiz o contrário do que eu sempre queria: não bebi.

- Oi, precisam de ajuda? - Perguntei ao entrar na cozinha.

- Claro, uma ajuda é sempre bem vinda. Aqui, pique a cebola. - Ariana disse. Ela tinha o corpo esguio e era muitos centímetros mais baixa do que eu.

Eu sempre odiei mexer com cebola, além de me fazer lacrimejar - como se eu estivesse assistindo a um episódio triste de uma novela mexicana clichê - ela deixa aquele cheiro ardido nas mãos. Mas como eu havia me oferecido para ajudar e o que tinha para fazer era picar a cebola, eu o faria sem problemas. Marlene preparou a mesa para que jantássemos juntos. A mesa era pequena, mas algumas pessoas poderiam se sentar nos sofás e no chão.


Meia hora depois estávamos servindo o jantar e Lobo Selvagem se juntou a nós. Ele havia feito a barba e cortado as pontas de seu cabelo. Ele estava irreconhecível. Eu e Brígida estávamos sentadas no chão, comendo, quando ele passou por nós. Brígida engasgou ao tomar um gole d'água.

- Quem é ele? De onde saiu esse deus grego? - Nós rimos e o observamos.

Ele vestia uma calça de moletom preta e uma camiseta branca, assim como eu. Estava calçado com seu coturno de sempre que agora estava limpo. Ele serviu uma porção generosa de comida em seu prato e seguiu para um dos quartos. Ele provavelmente iria ''capotar'' no sono.

Após comermos, as pessoas se revessaram para usar o banheiro. Todo mundo queria aproveitar aquele chuveiro mágico. Cada um arrumou seu saco de dormir e sua coberta em um canto da sacristia e da casa do padre e foi dormir. Como prometido, eu e Stella fomos dormir no ônibus. Mamba Negra estava ''dormindo pesado''quando entramos. Vi quando Marlene entrou no ônibus, no início da madrugada, para medir sua temperatura e lhe entregara alguns remédios. Ela gostava de cuidar das pessoas, não era a toa que ela era enfermeira.


O sol não havia raiado ainda e eu já havia despertado. Saí do ônibus e fui me sentar na escadaria da igreja. Benny estava sentado lá, fumando um cigarro.

- Não sabia que você fumava. - Disse aleatoriamente.

- Uma das pragas do apocalipse. - Ele respondeu e indicou o cigarro em sua mão. - Sem sono?

- Sim, acho que estou ansiosa. Espero não ter uma crise de ansiedade logo agora. Ninguém trocou o posto com você?

- O Águia veio me render, mas eu disse que estava tudo bem. Mandei ele dormir mais um pouco.

Um silêncio aterrador pairou entre nós.

- Benny, eu não quero que fique com raiva de mim. Eu só fiz o que era certo 'pra' nós dois...

- Você fez que era certo 'pra' si mesma. Eu já sou grandinho para saber o que quero e principalmente para saber o que sinto. - Ele se levantou e deu um longo trago em seu cigarro, jogando longe a bituca ainda acessa. - Me desculpe se forcei a barra e se dei a entender que estava confuso com relação a você. Não vai mais acontecer...

Me levantei junto e o acompanhei. Ele parecia não estar a fim de uma DR - Discussão de Relação - naquele momento. Pelo jeito ele não estava a fim de mim e agora eu tive essa certeza.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin