Capítulo 29 |Parte 2

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As coisas aconteceram tão rápidas que ficaram difíceis de distinguir se era um sonho ou se realmente foram reais. O facho de luz dançou frenético por todos os lados até cair no chão e se fixar em um ponto específico. Uma lanterna. Ela iluminou o breu, o nada ao longe.

Mais passos se aproximaram.

Grunhidos duelavam entre si. Um corpo franzino caiu sobre as minhas pernas. O impacto quase me fez sentar. Tentei rolar para o lado oposto, mas meu corpo não obedecia com rapidez os comandos dados pelo cérebro.

Alguém escorou-se em uma árvore próxima a mim e respirou pesadamente, retomando o fôlego, por um longo tempo.

Um ser humano vivo.

- Você está bem? - uma voz masculina perguntou ao recolher a lanterna e iluminar meu rosto.

- Padre Lázaro? - perguntei ao reconhecer a voz.

- O que faz por aqui, menina? Se perdeu?

Me escorei nele com a mão empalada. Ele a iluminou assim como fez com o resto do meu corpo.

- Santo Deus. Temos que sair daqui antes que mais alguma daquelas coisas apareça, o que é muito provável que aconteça. Nunca se sabe, não é? Consegue andar?

- Acho que sim. - eu não tinha certeza daquilo, mas teria que tentar.

Passei o braço pelo seu ombro e fiz um esforço descomunal para ficar em pé. Caminhei como um ''faminto'': arrastando meus pés, deixando um rastro para trás.

Havíamos saído da mata adjacente à propriedade e estamos atravessando a estrada quando eu o indaguei:

- O que faz aqui fora sozinho a essa hora?

Ele não respondeu de imediato.

- Tenho reparado o senhor, sempre saí as escondidas tarde da noite e só volta pela manhã, sempre sujo de terra e com um livro a tira colo. Alguém mais sabe das suas escapulidas, padre?

- Eu... eu... - ele gaguejou - estou procurando um lugar.

- Um lugar? - fiquei pensativa - Uma igreja?

- Não. Eu não tenho todas as instruções de como chegar a esse lugar que estou procurando, mas tenho algumas pistas para acha-lo. Meu irmão tinha um amigo, um figurão da política, que construiu uma instalação secreta por essas bandas. Uma fortaleza.

- Esse amigo não passou o endereço de lá?

- Não, apenas deixou algumas dicas para encontrar as informações com a localização precisa. É como um mapa do tesouro. Tenho tentado juntar as pistas, mas até agora não cheguei muito longe.

- Porque quer encontrar esse lugar? Não se sente seguro na casa do Benny?

- Não é isso. Eu apenas preciso encontrar algumas pessoas que possivelmente estão nesse lugar.

- Seus amigos... - supus.

- Eu não os chamaria assim... - ele deixou o assunto morrer.

- O senhor deu sorte.

- Com o quê?

- Em encontrar pessoas que o levariam diretamente para onde o senhor queria ir. Como poderíamos saber que o senhor tinha amigos nessa cidade? O encontramos por um acaso naquela igreja.

Eu quase podia ouvi-lo pensar.

- Sim, dei muita sorte de vocês me encontrarem...

Caminhamos por quase vinte minutos em uma trilha até a casa que normalmente era feita em menos de dez. Antes de entrarmos pela porta da frente, ele me segurou firme pelo cintura. Estranhei seu gesto e o encarei.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora