Capítulo 7: Um verdadeiro amigo te apunhala pela frente - Oscar Wilde

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Mais algumas horas se passaram e entramos na cidade de Sancliffe. Parecia ser uma cidade industrial, devido a sua infraestrutura. Os bairros eram na parte baixa da cidade, uma periferia degradante, que contrastava nitidamente com o belo e imponente restante da cidade. Passamos a procurar por um açougue que tivesse uma vaca em cima do prédio. Após muito procurarmos, descendo uma leve inclinação em uma das ruas e avistamos o tal edifício. Mas não era uma vaca e sim um boi de madeira polida, que estava projetado com requintes de detalhes na parte da frente e não em cima do açougue. E o nome do estabelecimento era Casa de Carnes: Amigo Churrasqueiro e não A Casa da Carne ou A Casa do Boi como Lúcio havia mencionado no telefone.

Detalhes à parte...

– Será que é ali? – Ariana perguntou.

– Vamos descobrir. – Lobo Selvagem respondeu, com sua postura de soldado ativada.

Haviam alguns mortos-vivos nas redondezas, que logo foram eliminados. Caminhávamos como se estivéssemos em um campo de batalha, éramos rápidos e certeiros. Águia abriu a porta e gesticulou com os dedos indicadores e médios seus próprios olhos e depois abaixou o médio e indicou a entrada. Parecia que todos entenderam. Eu só os segui. Lá dentro encontramos mortos-vivos vestidos com roupas e aventais brancos, possivelmente funcionários daquele estabelecimento e que logo foram abatidos. Era um açougue grande, com vários setores, parecia mais um supermercado. Como eu havia deixado meu celular na bolsa lá no ônibus junto com a Stella, eu teria que improvisar para encontrar o Lúcio.

– Lúcio? Onde você está? Apareça, Lúcio. Sou eu Melina. – Então eu improvisei e gritei. Todos seguiram meu exemplo e em todos os lugares em que entravam chamavam pelo nome do meu amigo.

Eu ouvi um barulho vindo de uma sessão de freezeres aos fundos de uma área, onde parecia ser o balcão de atendimento do lugar. Ainda tinha muita carne ali. O forte cheiro pútrido nos intoxicava. Moscas voavam por toda parte e aquele zumbido delas voando em bando era irritante. Várias larvas de mosquitos remexiam seus corpúsculos nervosamente pelo chão e pelas peças de carne ainda em exposição no freezer do balcão. Aquela cidade já estava sem energia elétrica e devia ter um bom tempo. 

Segui para onde eu havia ouvido o barulho, segurando a faca que eu havia pegado do Mamba Negra na noite anterior. Eu estava entrando neste cômodo dos freezeres com o braço esticado empunhando a faca, quando um ''faminto'' segurou o meu braço, pronto para mordê-lo. Eu não o vi saindo da escuridão. A única iluminação presente ali vinha das clarabóias opacamente empoeiradas no alto do teto. Eu empurrei sua cabeça com a mão que estava livre e a bati contra a parede, mas ele ainda estava me segurando, quando vi de relance que outro morto se aproximava atrás de mim. Com um movimento rápido dos quadris eu usei o morto que estava me segurando como escudo contra o outro ''faminto'' que se aproximava ferozmente e fui caminhando de costas pelo corredor cheio de freezeres, quando notei que atrás de mim mais mortos-vivos se aproximavam. Eu fiz a única coisa possível: abri a porta do freezer atrás de mim e bloqueei minha retaguarda. Nenhum deles me pegaria ali, em seguida, também abri a porta à minha frente. Eu dei várias portadas contra o morto que me segurava, até que ele me largou. 

Eu fiquei bloqueada e encurralada. 

Os mortos empurravam as portas querendo passar para me pegar. Eu gritava, mas acho que os outros do meu grupo estavam tão ocupados quanto eu para irem me salvar. Então eu usei as grades do freezer a minha frente como escada e subi em cima dele, ficando com as minhas costas esbarrando no teto do lugar. Usando os tetos dos freezeres para me arrastar sobre eles, cheguei próximo a cada um e chamei pelo nome do meu amigo. Mas não houve resposta. Eu teria que fazer aquilo em cada freezer daquele lugar, já que Lúcio me disse que estava preso dentro de um deles.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosWhere stories live. Discover now