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• Nicolly🧚‍♀️ •

Meu peito doía, aliás, o meu corpo todo estava dolorido, parece que eu tinha sido atropelada por um caminhão diversas vezes, minha cabeça estava a milhão. Eu estava me sentindo péssima.

Parece que em minutos todo o meu mundo desabou. Eu perdi o meu pai, que mesmo depois de tudo eu não consigo odiar, perdi uma criança, que era filho do cara que me sequestrou, e perdi o Zl, que mesmo depois de tudo eu não consigo odiar. E saber que eu não ia mais ver ele estava me deixando confusa, pra mim, tudo ia ser suave, eu não ia lembrar mais e acabou. Mas não, eu não sabia se chorava por estar longe dele, por estar viva e finalmente longe de tudo aquilo ou se chorava pelo meu pai.

- Com licença Nicolly. - Uma moça entrou no quarto, e pelo crachá em seu pescoço pude saber que ela era policial. - Eu sou a Ayla, delegada do quinto batalhão da polícia militar, e esse é o Gregório, escrivão. - Sorriu simpática. - Eu vim aqui para colher seu depoimento, você se sente bem para falar agora?

Nicolly: Eu vou tentar...

Ayla: Tá ok, se você não se sentir bem é só me falar tá bom? - Concordei. - Vamos começar então, eu vou indo pelas perguntas mais fáceis, não é obrigatório você se lembrar de nada, e como eu já te disse se você se sentir cansada é só falar que a gente para. - Sorri sem mostrar os dentes. - Você sabe onde mais o menos era localizado o local onde você estava?

Nicolly: Não, eu não cheguei a ver nada, na maioria do tempo eu estava trancada em um quarto escuro e quando alguém entrava a pessoa sempre estava com uma touca no rosto.

Ayla: Então em momento nenhum você viu o rosto de alguém? - Eu neguei. - Muito menos o desse homem aqui? - Me mostrou uma foto onde estava o Vh. - O nome dele é Diego e o vulgo Vh, você pelo ouviu algo assim?

Respirei fundo ali, pensando no que falar e ela me olhou esperando uma resposta.

Nicolly: Em momento nenhum eu vi alguém ao menos parecido com esse homem e também não ouvi nome ou vulgo parecido. Eles nem se quer conversavam na minha frente.

Ayla: Eles tocaram em você?

Nicolly: Ninguém encostou em mim. - Falei baixinho olhando pro nada.

Eu nem sei o porquê eu estava mentindo, quando na verdade eu devia estar falando tudo o que eu sabia, mas eu não conseguia. Eu me lembrava a cada segundo do Zl e isso tava fodendo comigo, comecei a chorar ali e só coloquei a mão no rosto. Eu odiava chorar na frente dos outros, então eu já queria logo que ela saísse daqui.

Nicolly: Olha eu sei que esse é o seu trabalho, mas eu não quero mais falar disso, não quero mais ter que lembrar de nada o que me aconteceu ali. Eu não quero mais prestar depoimento nenhum. Por favor. - Falei em meio ao choro que cada vez mais tomava conta de mim, me deixando péssima a cada instante.

A médica que estava ali do meu lado acompanhando tudo, pediu para que eles se retirassem da sala e eu só fazia chorar ali, acabou que a médica teve que me dar um calmante e em questão de segundos eu apaguei novamente.

Crime PerfeitoWhere stories live. Discover now