20 - Desconforto Hirai

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Os saltos de Sana ecoavam no piso do aeroporto conforme caminhavam para fora

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Os saltos de Sana ecoavam no piso do aeroporto conforme caminhavam para fora. A mala pequena que a Hirai mais velha trouxe era um sinal de que ela não pretendia ficar por muito tempo no país que a acolhia em temperaturas geladas. Mina nem mesmo sabia se com aquela mala de porte tão pequeno ela poderia ficar até o natal, que seria em breve e que ela gostaria muito que fosse em família.

Mina gostaria que fosse com o trio Hirai completo. Mesmo que não se considerasse uma Hirai verdadeira como as irmãs, sentia falta de ver a dinâmica daquelas duas juntas. A Mina de anos atrás certamente ficaria chocada com este pensamento.

Palavras sobre assuntos cotidianos eram trocadas, nada muito profundo ou invasivo. As irmãs comentavam sobre como havia sido o vôo do Japão até a Coreia do Sul, e Sana noticiou que houve uma pequena turbulência quando estavam prestes a chegar no destino. Risos sem muita graça foram trocados por pura educação Hirai em seu mais puro estado, então Mina iniciou um novo assunto sobre o clima da cidade. Sana adorou, não tinha nada que gostava mais do que reclamar sobre a Coréia do Sul, por isso ficou uns dez minutos falando direto sobre como estava frio demais.

Ainda entre assuntos rasos, Mina e Sana foram até o café do aeroporto para comprar mais da bebida quente, buscavam tentar de alguma forma se aquecer. Mina escolheu algo aveludado e que fizesse ela se sentir um pouquinho em casa, então pediu um capuccino com canela. Sana quis café puro e sem açúcar, não estava em casa, e nem mesmo sabia se tinha um lar para desejar o sabor dele. No final, Sana acabou comprando também um daqueles brownies caros de aeroporto para a irmã mais nova. Não era sempre que mimava Mina, e sabia que ela merecia.

Mina merecia muito, e Sana não sabia se algum dia teria coragem de dar à ela aquilo que ela sempre quis ter. Ela tinha em mente como a irmã mais nova era corajosa, sempre invejou tudo o que ela fez e lutou para poder ser quem era hoje em dia.

Quando já estavam fora do aeroporto, Sana deu felicitações de repente sobre a gestação de Jeongyeon. Jeongyeon não estava bem em uma gestação ainda, não havia uma certeza se a inseminação havia funcionado logo de cara, para isso ainda era necessário fazer exames e coisas do tipo. Mina acabou rindo, outra vez por pura educação.

Um suspiro veio de Yoo Sharon. Aquela era a sensação de ser um Hirai: comentários desagradáveis, risos para disfarçar que estava chateada. O que custava ter lido a droga do e-mail? Mas ainda era Sana, e pelo menos ela tinha sido gentil em comprar brownies.

E para devolver a gentileza, outra vez Mina explicou o que era o processo em que se submeteram para ter um bebê.

— E então pode ser necessário mais que uma tentativa — Mina falava, colocando a mala da irmã lá no porta-malas, embora caberia perfeitamente lá no banco de trás de seu carro. — Só que eu sinto, tenho certeza que meu... meu filho já está vindo. Talvez seja uma intuição materna.

Sana riu junto com Mina, e então entraram no carro. Mais uma pitada de desconforto disfarçado por risos. Era no mínimo engraçado ver sua irmãzinha mais nova, e lésbica, indo para um outro país, abandonando sua cultura e qualquer pessoa da família — que era para tê-la apoiado em quem era, mas fizeram o contrário — e agora essa irmãzinha que Sana viu nascer estava casada, com uma vida estável e em breve um filho.

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