3 | gota de insegurança

928 102 194
                                    

O conceito de tomar um banho para que a água levasse embora a tristeza e energias negativas era interessante

Oops! Questa immagine non segue le nostre linee guida sui contenuti. Per continuare la pubblicazione, provare a rimuoverlo o caricare un altro.

O conceito de tomar um banho para que a água levasse embora a tristeza e energias negativas era interessante. Eu não sabia se era real, mas o facto é que eu sempre me sentia mais aliviada depois de fazê-lo, por mais lágrimas que tivesse derramado. Então, para mim, talvez fizesse sentido.

Reflectir acerca disso na universidade era estranho, mas parecia melhor do que prestar atenção a aula, afinal, como sempre, a minha cabeça latejava e eu gostaria de, mais do que tudo, estar em casa. Mesmo que ficasse sozinha, não me sentiria sobrecarregada por lidar com pessoas e fingir estar bem.

Eu nunca estava bem, porém, quem se importava? Ninguém. Não era como se alguém fosse, genuinamente, querer ouvir sobre o que se passava na minha vida; até porque nunca se passava nada e talvez eu somente estivesse a ser dramática sobre tudo, incluindo eu mesma. Naquela manhã, troquei algumas palavras com a minha mãe, e ela foi trabalhar antes mesmo que eu pudesse pensar em formas de desenvolver um diálogo que prestasse.

— Bom dia. — Kira ocupou o lugar ao lado. Deixou a bolsa e o caderno de cores neutras na mesa e suspirou, aparentemente cansada.

— Bom dia. — murmurei de volta, empurrando uma mecha loira para trás da orelha, tomando cuidado para não engachar o dedo na argola do brinco — Tudo bem?

— Eu estou exausta. — lamentou, olhando para mim com pesar — E tu, como estás?

— Bem.

— Tu viste a Georgina? Não consegui falar com ela depois de ter saído da casa do amigo.

— Não. — neguei, abanando a cabeça — Ela costuma estar na cafeteria aqui do lado, quase sempre, a esta hora.

— Talvez esteja lá, então.

— Como foi o tal evento do qual falaste no sábado?

— Correu bem. — deu de ombros — Foi tranquilo. Pelo que percebi, era uma espécie de festa de aniversário. Eu e os meus pais chegamos um pouco atrasados, mas conversamos um pouco com o Marco O'Connell e o seu filho.

— E de quem era a festa?

— Do filho dele. Não me lembro muito bem do nome, deve ser Igor, algo assim. Nunca o tinha visto antes, e isso é um pouco estranho.

— Talvez seja uma pessoa reservada.

— Provavelmente. Eu também seria, se estivesse no lugar dele, com um pai que nem aquele.

— Pois é, parece-me sempre que quer estar sob holofotes e receber atenção, mesmo que não seja de forma assim tão vergonhosa.

— Só não é de forma vergonhosa porque não pode. — Kira riu-se — Não para alguém que ocupa o cargo dele.

— Talvez. — sibilei, bocejando. Só consegui tapar a boca alguns segundos depois, atraindo um olhar reprovador da outra. Soltei uma risada curta e leve, antes de abanar a cabeça e voltar a atenção ao docente, que explicava a matéria com o auxílio de slides. Mesmo com sono, forcei-me a fazer algumas anotações enquanto pensava com o que me ocupar naquela tarde.

IDRISDove le storie prendono vita. Scoprilo ora