Ayla Costello se achava uma deusa.
Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse.
Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...
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Um prato com tomates grelhados em rodelas, ovos mal passados, salada fresca e três tiras de bacon foi posto à minha frente. Uma cesta pequena com pães frescos e fumegantes também foi posicionada no centro da ilha de mármore, no exacto momento em que a Ayla sentou-se.
— Bom dia.
— Bom dia... — murmurei, observando a nova secretária retirar-se do cómodo rapidamente. Era sexta-feira, e dois dias haviam se passado desde que pedi que a Ayla não se intrometesse em problemas que, infelizmente, não podia partilhar com ela. No entanto, a mesma continuava chateada, como se não soubesse que existiam motivos mais do que plausíveis para que continuasse de fora. Ela não fazia parte daquele mundo, nunca fez, e eu preferia que as coisas continuassem daquele jeito.
Desviei o olhar da entrada da cozinha para observá-la colocar algumas fatias de abacate sobre outra de pão, um ovo mal passado por cima, seguido de tomate-cereja picado.
— Tens alguma reclamação sobre ela? — indaguei após poucos minutos, tendo já consumido metade do conteúdo no meu prato. A Ayla, por outro lado, devia ter dado três pequenas mordidas e deixado tudo de lado, focando apenas no sumo natural de laranja. Ergueu as sobrancelhas, inquisitiva, e eu levei alguns segundos a terminar de mastigar a mais recente garfada, antes de passar o guardanapo no canto da boca — A secretária.
Dando de ombros, ela voltou a baixar o olhar para o prato, inexpressiva.
— Não iria adiantar de nada que eu reclamasse. Tu disseste que não era seguro manter a outra depois da morte da minha mãe, porque não era de confiança.
— Iria adiantar, sim... Sabes que quero que estejas satisfeita, não?
Suspirei quando ela voltou a dar de ombros, ocupando a boca com outra pequena mordida.
— Eu entendo que estejas chateada por causa do que aconteceu naquela noite, mas são coisas nas quais não deves te meter, a sério... Eu não te quero dentro disso.
— Eu percebi, não precisas repetir. — resmungou, terminando o sumo e colocando a alça da bolsa sobre o lado direito dos ombros, antes de segurar o controle da Ferrari F8 Tributo branca que eu antes tinha deixado sobre a bancada — Vou escovar os dentes. Encontra-me no carro quando terminares.
O barulho dos saltos ecoou ao longe por algum tempo, até ela se distanciar e sair do apartamento minutos depois. Suspirei ao massagear a área entre os olhos e fui higienizar a boca, procurando depois o blazer da Royale – que costumava deixar por lá – entre as roupas da Ayla.
— Sarah.
— Sim? — a mulher apareceu imediatamente, limpando as mãos no avental.
— Peço que ligues assim que a Ayla chegar a casa hoje. O meu motorista virá deixá-la. Certifica-te que ela coma assim que estiver aqui, pode ser? Por mais pouco que seja. — ela anuiu — Qualquer coisa, liga-me.
