59 | dar um jeito

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O estômago vazio ferveu com a ingestão da bebida destilada e nem um pouco gelada enquanto eu afrouxava a gravata preta

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O estômago vazio ferveu com a ingestão da bebida destilada e nem um pouco gelada enquanto eu afrouxava a gravata preta. Oskar suspirou, visivelmente incomodado com o calor ao qual esteve exposto até momentos atrás, quando era actualizado a respeito de alguma situação que precisava da sua atenção para que fosse resolvida.

As lembranças do funeral da Noelle Costello ainda estavam frescas na minha mente; o quão cheia a área estava, graças à "popularidade" da falecida, a imagem da Ayla completamente desolada e exausta de tanto chorar, o olhar atento e desdenhoso do Hendrix ao vê-la tão próxima de mim, encolhida entre os meus braços... Eu até me gabaria, se as circunstâncias não fossem aquelas.

— Como ela está? — a voz grave e o sotaque forte do russo me arrancaram dos devaneios. Ergui o olhar, antes fixo no copo quase vazio, para encará-lo mais uma vez.

— Mal, como já é de se esperar... Eu tenho aparecido lá na casa dela sempre que possível.

— Ela ainda não terminou os testes?

Por estarmos perto do final do primeiro semestre, e ela ter perdido diversas avaliações e defesas ou apresentação de trabalhos e projetos ao longo das últimas semanas, havia sido oferecida a chance – a ela – de realizar alguns testes para que as notas não estivessem em falta. Claro que existiu, como sempre, alguma burocracia, mas no final deu tudo certo.

— Não... Esta é a última semana. Eu faria algo para ajudar, se fosse possível. Ela está desolada e cansada demais para fazer isso.

— É o único jeito de não ter cadeiras em falta e não estar sobrecarregada no último semestre, não?

— Infelizmente... — murmurei — Mas deixemos isso de lado. Descobri algumas coisas sobre o tiroteio que houve no dia em que deveríamos ter recebido a coca. O responsável, como já está claro, não foi o Donovan. Ele quase foi atingido durante o ataque, ao mesmo tempo em que o teu irmão colocou-se na minha frente e foi assassinado. Aparentemente, os dois deveríamos estar mortos a esta altura.

Oskar retesou a mandíbula e semicerrou os olhos, pensativo, encostando-se na cadeira.

— Então... Suspeita-se de alguém?

— Alguns dos homens identificados são da equipa do Andrei... Trent Hoover e Aidan Jung. Trabalhei com ambos na noite da captura do Yannick.

— Por quê ele tentaria te tirar do caminho?

— Ele não dá-se bem com o Donovan, e o único objectivo que tínhamos em comum era matá-lo... Por eu ter tentado, naquele dia, voltar a me aliar ao Rio, posso ter começado a ser visto como um inimigo; um traidor. Eu percebo o lado dele nesse sentido, mas depois de descobrir os motivos pelos quais o pai do Andrei foi morto... Tudo saiu dos trilhos. Ele praticamente enganou-me. Existem várias coisas que não sei, nas quais ele quase meteu a minha cabeça.

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