22 | um rapaz insolente

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A Kira contou-me absolutamente tudo; desde o interesse da Ayla por mim, até a espécie de vingança planejada por eu tê-la rejeitado e dito coisas desagradáveis

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A Kira contou-me absolutamente tudo; desde o interesse da Ayla por mim, até a espécie de vingança planejada por eu tê-la rejeitado e dito coisas desagradáveis.

Concluir que ela achava ser possível me fazer "rastejar aos seus pés" apenas por termos passado uma noite juntos foi hilário. Se eu ainda tivesse quinze anos, fosse apaixonado por ela e de sobra ainda fantasiasse sobre como seria estar entre as pernas de alguém, esse plano tosco faria total sentido. Talvez até funcionasse, mas não era o caso.

Ayla Costello não era, nem de longe, a fantasia mais distante que eu alguma vez havia tido ou teria. Podia até ser bonita e tudo mais, mas não era uma mulher inalcançável para mim; ela sequer tinha atributos suficientemente interessantes para me fazer querer passar algum tempo a mais com ela. Fora a beleza, não oferecia mais nada. Era fútil, tão convencida que chegava a ser vergonhoso pensar nisso.

No fundo, isso me entristecia. Pessoas como ela acabavam da pior forma possível, e ela sempre havia sido assim. Eu não fazia ideia do quão grande a queda seria quando a ficha finalmente caísse e ela descobrisse que não era o centro do mundo.

De qualquer forma, se era uma noite que queria comigo, ela teria. Não negaria uma coisa dessas a Ayla de jeito nenhum, porque eu a queria também; o que ela não sabia era que seria eu a marcá-la, e não o contrário.

Saí dos meus devaneios quando a porta do escritório foi aberta. Passei cerca de quinze minutos ali, sozinho, esperando que a Angelique aparecesse e explicasse o por quê de me ter chamado com tanta urgência e de forma tão indelicada. Francis, o homem que me apontou uma arma na noite anterior, entrou no cómodo com uma mulher de cabelos escuros, ondulados e longos. O corpo esguio estava coberto por um vestido elegante e simples.

— Boa tarde, Idris... — ela disse. Murmurei o mesmo, vendo o homem com um band-aid na testa e o lábio superior parcialmente inchado fechar a porta. Ele assumiu uma postura mais enrijecida ao me ver, o que me fez sorrir com escárnio. — Tudo bem?

Sem muito interesse, voltei a olhar para frente, onde a mulher sentava-se numa cadeira giratória e confortável. Uma mesa organizada e quase vazia separava-nos um do outro, e o seu olhar era tão minuncioso que me deixou meio desconfortável.

— Tudo bem. — anuí breve e levemente, piscando com vagar em descaso — Angelique, certo?

— Certo.

— Achei que fôssemos família... — disse num suspiro e relaxei as costas no assento — Confesso que não esperava que a minha própria tia mandasse um empregado qualquer apontar-me uma arma apenas para fazer um convite à sua casa.

— As coisas mudaram, querido... Nem tu pareces mais o sobrinho que eu tanto mimava. — fixou os olhos azuis nos meus, tão frios que era como se eu não a conhecesse mais — Estás cada vez mais parecido com o teu pai.

— Isso chega a parecer um insulto. Eu sou bem mais bonito. — ergui as sobrancelhas. Ela riu.

— De facto...

IDRISWhere stories live. Discover now